sábado, 8 de dezembro de 2012

Cativos d'alma

Aquelas que voam  sem saber que língua fala:
Cala à míngua os cativos dela.

Cada uma―lavra  sulcos venosos
Cada palavra rega seus próprios impulsos

Cava, cultiva, espalha, cativa
Mas cativo é ―OS  de sua própria fala

Cala-se  enquanto fala
Falando-se mais enquanto se cala

Eis o cálice amargo da palavra
que cala a quem não fala por ela.

[poema de: ANDERSON GOMES]

domingo, 21 de outubro de 2012

Coisas de Criança

      Mais um dia está terminando... a noite já anuncia a esperança de um novo amanhecer. O ano, já se finda... e outro está prestes a nascer. Já é contagem regressiva... mas contagem regressiva para quê?

      Trabalhar... trabalhar... trabalhar... para quando quiser comer... ter.
Então é assim?... Tão simples? bastando apenas nascer, crescer, reproduzir  e morrer?

      Muitos vivem numa contagem frenética contra o tempo na ânsia e no medo de desvanecer. Dizem que o homem é uma fumaça, que o tempo apaga e que o vento leva...

     O envelhecimento é um calo no calcanhar de muita gente. Especialmente no calcanhar de quem passa a juventude sem saber o que é juventude. Passam tanto tempo se PRE-ocupando com pílulas, plásticas, botox e peeling, que os anos passam sem que seja percebida a sua passagem.

     Em nossa cultura, juventude hoje é moda, estilo, "atitude". Deve ser por isso que muitos  idosos, sentem-se muito mais jovem, que aqueles cuja "essência" é mais volátil que a moda que seguem.

      A consistência da vida se fundamenta em quê?
  1. No vapor dos anos que nos esperam?
  2. Na eternidade aspirada?
  3. Ou na perspectiva que temos? (temos?)
        Quando se é criança,  a vida não passa. O tempo pára...e a eternidade existe.
É uma época onde se é feliz  e não se sabe o quanto. Por que? Porque  NÃO há para a criança: os  CONCEITOS... nem os PRE-conceitos que adoecem nosso mundo. Claro que, nesse comentário, nem estou levando em consideração as condições financeiras e os traumas que colocam em risco a vida de qualquer criança; especialmente num país como o Brasil, onde a negligência e maus tratos em relação a criança tem seu índice altíssimo. Mas apesar de toda condição precária, ainda pode-se ver uma criança sorrir, brincando nem que seja, com uma boneca velha e suja, faltando pedaços, ou até mesmo com uma bola feita com retalhos de tecido.
         Para a criança, não há conceito de FELICIDADE, nem de juventude, nem de malícia, nem de VERDADE.... simplesmente porque a criança é a própria  Felicidade. É o próprio conceito de pureza e verdade. Fonte da eterna juventude.
SINCERA, FRANCA...ela aprende [desnecessariamente] com  adultos o que é mentir, disfarçar e esconder  emoções ―em vez de vivê-las―plenamente.
Aprende  com  adultos, sobretudo: envelhecer com suas preocupações.

Resgatemos  URGENTEMENTE a criança que jaz dentro de nós...
"Se não vos converterdes, e não vos tornardes como uma criança,de maneira nenhuma, encontrarás o reino dos céus" (JESUS)

        


    

Na Beleza do Teu Olhar

      Estive pensando hoje: nunca mais postei no meu blog...
Às vezes vem muitas ideias para postar,  às vezes de tantas... não saem nenhuma para o concreto... acumulam, pululam, flutuam  e desvanecem...
Mas me dá uma sensação muito boa quando crio... quando materializo uma inspiração. E a inspiração vem do NADA... talvez não venha de Outro lugar... talvez precise exatamente desse NADA para se fertilizar... para fluir, tomar corpo, cor, textura ou a ternura de um verso.
      Fiquei pensando no TUDO que tanto -querem- possuir para o seu  NADA preencher, sanar, sarar... mas quase sempre acabam ferindo ainda mais as ideias que dependem tanto de um ESPAÇO vazio para sua gestação... e quem disse que a gestação é um processo fácil??? Traz enjôos, tonturas, mal-estares... com a diferença de, se comparado com uma mulher gestante  biológica, ―o seu filho a completa―naquele período. (obs: Digo mulher biológica, porque no INconsciente humano [psiquismo] não há sexo, mas há SEXUALIDADE, termo bem mais amplo. Escrevi sobre isso em postagens anteriores). Uma idéia gestada, traz uma sensação estranha... talvez de completude, talvez de ânsia, inquietude, euforia ou magnitude... Mas uma idéia quando parida, verbalizada e sobretudo materializada: se eterniza. Que  os livros, poemas, salmos  e canções, sejam minhas testemunhas vivas. E que vivo seja todo aquele que se eterniza nas ideias paridas de seu ser.

        Redescobri que quem cria, gera. Tem poder. Consegue coordenar letra por letra as traduções de sua alma. Torna o abstrato em concreto. Tangível ―o etéreo. E isso é um feito e tanto!... Não é para qualquer um.
Descobri que criar é um remédio natural. E sendo assim, podemos produzi-lo. Inventar, porém, se Responsabilizar por nossas próprias INVENÇÕES.

        Não há segredos para a vida. É viver. Para viver, basta apenas estar vivo. Já nascemos com vida, e por isso estamos aqui, na redundância da coisa: eu aqui escrevendo, e você aí lendo o que escrevo.
   
       Se deixamos de produzir, passamos a COPIAR...e o que é a cópia da cópia?... Acredito que seja um mundo de farmácia. Onde as drogas lícitas  se multiplicam em massa, como em massa se alienam todos aqueles que pararam de  INVENTAR a própria vida...para  reproduzir a vida do outro... do outro...e do outro.
     Agora há pouco, um internauta postou algo belíssimo que criou a partir de uma leitura que fez sobre uma flor. Em seguida, perguntou-se se era errado ou estranho apreciar tal beleza. Comentei a sua postagem, questionando o por quê de sua estranheza, uma vez que, a beleza não está na textura, na cor, ou no perfume das coisas; mas, no olhar de cada um... Mesmo que nem todos possam vê-la.  

"Cada um é responsável pelo alcance de sua própria visão... a partir do momento em que se toma consciência do que não se QUER ver."[Anderson Gomes]
   Caro leitor, SE nem todos podem ver a beleza das coisas, especialmente aquelas que estão à ponta do próprio nariz, isso é problema delas. A visão delas as cegam. Ou seja: cegos (ou cegados) pela própria visão. E como diz o ditado:
"O pior cego, é aquele que não quer ver". É uma opção. Não querer ver é uma coisa... não poder ver é outra completamente diferente.
Quem não PODE ver, busca tratamento [nesse caso, psicológico].
Quem não QUER ver, não tem quem o convença. Optou por não querer. Respeita-se.
  • Que opção você  faz na constante  CRIAÇÃO da sua vida?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

[parte 3] ANIVERSARIANDO

                     Para algumas pessoas, não faz nenhuma diferença entre viver ou morrer. Conforme falei na postagem anterior, a cor do verbo VIVER e MORRER são as mesmas, e,  conjugados do mesmo modo por  essas pessoas.
         Deixei para trazer nesta postagem, um pouco de  embasamento teórico, uma vez que  nas sequências anteriores do  tema  fui mais informal quanto ao formato do conteúdo.  Neste, gostaria de me aprofundar um pouco mais sublinhando sempre o --EU INTERIOR.
        
         Ao trazermos o título "ANIVERSARIANDO" estamos também trazendo em foco a EXISTÊNCIA HUMANA. E diante disso, se faz imprescindível questionar:
  • Qual o sentido da vida?
Trazemos aqui  algumas contribuições de  algumas ciências humanas.
Biologicamente o ser humano nasce, cresce, reproduz e morre. Esse é o sentido da vida, (biologicamente falando, enfatiso). Porém,  o ser humano não é só biológico. Podemos reagir ao meio ambiente com  algo além da nossa programação "instintiva"... Não somos restritos como os animais, que,  em sua  necessidade de comer ―caça, mata e morre. Simples assim.  Para estes seres irracionais  todos os dias é o mesmo: madruga, espreita, caça, mata, e alimenta a prole. No final do dia  (para os animais diurnos) vão  dormir sem mais perspectivas ou  expectativas para o dia seguinte... Isso porque "expectativa" é do humano, e não do animal, mineral ou vegetal, apesar de que, admitamos: muitos humanos parecem não viver... "vegetam".
Já pensou se a nossa vida fosse assim... programada UNICAMENTE pela biologia?... Nunca é demais lembrar que o ser humano é um ser bioPSICOssocial e espiritual. Ou seja, o ser humano não é tão simples como julgam os livrinhos de autoajuda, e as frases feitas tão proclamadas  em redes sociais. Não sei se essa informação influencia nossos dias, visto que, a raça humana ultimamente  está matando  por tudo e por nada.
          Por este ângulo: não somos tão diferentes dos animais, pois  assim como eles, também  não temos PENSADO, apesar de nós [humanos] "por incrível que pareça" termos a faculdade de PENSAR. É mais prático encontrar tudo prontinho, bastando seguir a maré para mastigar o mastigado já por ela. Bastando "curtir", o já curtido pela maioria. Bastando comprar o já consumido pela moda. Bastando copiar para não se dar ao trabalho de "se matar" de PENSAR.
  • "pensar, dá trabalho"
Então mais prático seria ligar o nosso piloto automático  e  "deixar a vida me levar, vida leva eu..." (ZECA PAGODINHO)
HOMEM PRIMATA
Quem sabe melhor seria, em vez de evoluir, voltarmos gradativamente no tempo a  época das cavernas?... Ou quem sabe  numa época bem mais remota... primatas.

"Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava
Eu não sabia
Que o homem criava
E também destruía..."[TITÃS]

         Do que está adiantando tanta tecnologia, se a cada dia que passa somos vítimas dela???
 A ciência que vem para avançar o homem paradoxamente tem o animalizado.  Estamos vivendo racionalmente? emocionalmente? ou por "instinto"?
  • O instinto do desejo de matar ou morrer [sem meios termos]
  • O instinto de caçar ou ser caçado [sem alternativas]
  • O instinto de fazer sexo compulsivamente [ inclusive pela internet]
  • O instinto de comprar... comprar... comprar.... gastar... possuir...possuir...possuir...
  • O instinto de construir ou destruir, de criar ou de apagar
        Já aprofundando um pouco mais a questão "instintiva", convém informar neste texto, que a palavra "instinto" foi uma má tradução  do alemão do termo: PULSÃO ―nas obras de Freud. Ou seja, na origem da palavra: PULSÃO é  Trieb, em alemão. Se faz necessário salientar isso, mesmo estando muitos de nós, humanos, se comportando como bichos, conforme  ja fora sublinhado acima.
Animais sim, tem instinto. O homem tem libido. É a libido quem alimenta a pulsão.
       Seguindo este raciocínio, acrescentemos que Freud, teorizou duas forças motriz  que, enquanto vivos, existe em nós seres humanos:
  • Pulsão de vida
  • Pulsão de morte
       Em cada ser humano,as duas forças  coexistem entre si. Porém, é dado mais vazão a uma que a outra. Ou seja, uma das pulsões é reprimida ou deslocada, quando, não bem trabalhada. Daí explica-se o desejo de criar, produzir, construir, muito presente  em uma pessoa, cuja  a Pulsão de Vida é  mais intensa  que  a  outra pulsão. O que não significa dizer que a pulsão de morte tenha se extinguido naquela pessoa... Pois as pulsões são eternas, enquanto vive o homem, habitado por ela. Porém, podem ser trabalhadas, "lapidadas".
          Antes de prosseguirmos na pulsão, convém defini-la melhor cientificamente.
  • PULSÃO:
"Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão [...]" (LAPLANCHE,2001)
          Já aquela tendência NEGATIVA  evidenciada  muito mais em uma pessoa que em outra ―mostra com nitidez a intensidade "perturbadora" da Pulsão de Morte. Refletindo inclusive   em tudo que faz, pensa, ou como lida com as diversas situações da vida; situações essas ―procuradas. Como que motivadas [impulsionadas] por um desejo destruidor ou autodestruidor muito forte.
"[...] as pulsões de morte seriam secundariamente dirigidas para o exterior, manifestando-se então sob a forma de pulsão de agressão ou de destruição". (LAPLANCHE, 2001)
        A citação acima também  é  um acréscimo a postagem anterior ao se referir  a penumbra que paira na vida de algumas pessoas independentemente de elas estarem ou não, num velório...  Como se fossem sombrias por natureza, e/ou melancólicas.
      Outras pessoas, só vivem  se estiverem envolvidas em brigas, discussões NEGATIVAS, ou vivendo permanentemente em pé de guerra... sem perceberem, que a guerra que travam é consigo mesmo, na tentativa de aliviar suas tensões, conforme destacado na  primeira citação acima [em vermelho].
      Nesse combate, vivem a morte ―na própria  vida... Assim comemoram seus aniversários, festejando a dor de existirem. E é dessa forma que passam a vida: enterrando-se dia após dia nos problemas que constroem para si mesmos, aos montes... Levando até, em alguns casos,  ao suicídio... por não se suportarem como são. Ou seja, como pessoa cheia de qualidades e defeitos. Buscam uma perfeição inalcançável... que os martirizam por meta: Mártires de si mesmos.
          Apesar de a pulsão de morte ser tão presente na vida humana, levando, segundo Freud, o homem ao seu estado inorgânico, ela é igualmente  necessária. Pois a vida voltar ao pó, como NADA, como estado zero. E é daí que  tudo se reinicia no ciclo da vida. Para fins didáticos, podemos dizer que é do pó da terra que toda vida brota e/ou  se renova para outro ciclo. Exemplo: O ser vivo que morre, transforma-se  em adubo, alimenta sementes, brota plantas, e, alimenta outros seres vivos, que,  após nascerem, também crescem, reproduzem e morrem. Prontos para começar outro ciclo na cadeia alimentar.
Enfatizando o homem, me ocorreu o seguinte  verso bíblico:
"Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste formado; pois és   , e ao   tornarás" (GENESIS 3:19, grifo nosso.)
RENASCENDO DAS CINZAS
           Se levarmos em consideração que tudo começa do zero, do NADA, então "ela é igualmente vontade de criação a partir do nada, vontade de  recomeço". (LACAN, 1997)

           Nesse sentido, pode-se conviver muito bem com as duas forças [pulsão de vida e de morte]... desde que estas, sejam trabalhadas em suas finalidades. Pois há várias maneiras de se trabalhar com a pulsão de morte sem que a morte seja empregada em termos literais, nem colocando em risco a vida. Seja a própria vida, ou a do outro. Nesta postagem, não detalharei "maneiras", pois não existe  "A" maneira....existem apenasss maneirasss. Maiores informações, poderei escrever um outro texto, caso haja interesse dos leitores.
No momento, julgo importante apenas acrescentar que para lidar com a pulsão, só mesmo recorrendo ao campo de TRABALHO  que percebeu  sua origem, a saber ― a psicanálise.
            Pode-se até recorrer a outras formas de trabalho, mas, a troco de efeitos passageiros ou paliativos; e isto quando não vem a mascarar o "X" da questão. Especialmente quando a vertente dada a pulsão  for  sob outra ótica, que não a científica (como a  ótica do misticismo ou da religiosidade por exemplo)  que atribuem assim,  as tendências negativas --NATURAIS--  do ser humano a explicações demoníacas.  Tipo de explicação cômoda ao pensamento. Ou seja, as pulsões humanas, visto por este  âmbito  espiritual  não necessitaria de base teórica,  bastaria apenas crer. E isso é tudo que o sistema quer: que não PENSEMOS!...
Seja o sistema capitalista, seja o sistema religioso. Ambos já foram UM, um dia. Mas este blog não se propõe a aprofundar tais pontos.
Apenas mostrar um pouco do funcionamento humano através dos fatos corriqueiros que acontecem ao nosso redor.
Antes de concluir, se faz necessário enfatisar, que faz parte da natureza humana o seu lado positivo, e o seu lado negativo. No mais amplos conceito da palavra NEGATIVO. [ver dicionário].
Não esqueçamos de que somos HUMANOS. Parece simples dizer isso, mas muita gente não se ver como tal. Ou se vê como bicho, ou se vê como deuses...e somos apenas humanos. Sem programação comportamental padrão. Dotados de desejos, vazios, fendas e falhas... apenas humanos.

         Nesta sequência de postagem que  trouxe o mesmo título, destaquei fatos do  aniversário de um amigo [1ª postagem]
Na 2ª postagem comentei sobre um velório.
E agora nesta 3ª e última postagem desta sequência, comparei estes fatos à luz da força que nos impele para a criação  da vida e/ou para o seu oposto. Assim, trazer um aniversário e um velório como fatos antagônicos entre si, creio ter sido bastante ilustrativos, no contexto onde os mesmos  foram comentados.

Lidar com as pulsões, não é tarefa fácil para muitos. Especialmente quando somos impelidos a nos comportar como anjos... Mas, não somos anjos...somos seres humanos... e precisamos nos olhar como tal. Esse olhar exige tempo, cuidado e dedicação. Investimento pessoal. Análise.

Para finalizar esta postagem, gostaria de dizer ao caro leitor que:
  •  Invista em você mesmo.
           Dedicar um tempo para si,  já é investir em SI mesmo; Isso, já é um bom começo. O começo do "zero".  Mas enquanto estiveres  considerando que qualquer outra coisa ou crença seja mais IMPORTANTE que seu próprio bem estar ―passarás ano após ano comemorando  as cinzas de uma triste fênix...Até conscientizar-se que não importa onde estás, ou em que ponto da vida parou: pois sempre, SEMPRE, haverá uma possibilidade de RECOMEÇAR do NADA.(Anderson Gomes)

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REFERÊNCIAS:

  • LACAN, Jacques. A ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
  • LAPLANCHE, Jean. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

sábado, 1 de setembro de 2012

ANIVERSARIANDO (parte 2)

        Deixei para escrever este texto hoje, por ocasião de mais um aniversário. Hoje, de uma amiga, que me autorizou escrever um pouco sobre sua  vida, contanto que, eu não mencione seu nome, claro.

       Poetizando um pouco sua história, diria que ela é  muito reclusa, tímida, e triste. Diz não  ter motivos para comemorar. Não tem amores, não tem amados,  não tem amigos... só temores, tumores, perigos. Medo de amar. Medo de ser amada. Medo de ser rejeitada, e abandonada. A idade é apenas um lembrete para rugas, fragilidades,  sepultura.
        Sua ladainha diária se resume a "ninguém me ama, ninguém olha, ninguém me quer". Favor para ela é: não lembra-la  da passagem de mais um aniversário... que em outras palavras seria mais um ano de vida. Claro que ficar falando assim da vida alheia seria muito fácil e igualmente cômodo também. Julgar.
         Contrastando com aniversários, esta semana perdi um parente meu. Não vou entrar em detalhes (neste quesito)  porque não vem ao caso, mas  destaco  a  penumbra que pairava num  recinto, antes festivo e alegre. Notei ali, que algumas pessoas vivem constantemente dentro daquela atmosfera fria, triste e soturna... à espera da morte a cada aniversário que passa. Ou seja, seu estado de espírito não é diferente em outras situações da vida.
Dizer:        
  •                       Reaja!
  •                    Ânimo!
  •                    Coragem!
 Não é o caminho... Só quem passa na pele, sabe, que não é tão simples assim.
          Quem está, agora, no presente momento, passando por uma depressão, por exemplo, sabe que a solução para seu  atual estado não está  contida na milésima pílula que irá tomar daqui à pouco. No entanto, continuará tomando.
           As frases prontas  e sonoras, recitadas  nas mais variadas palestras: Só fazem efeito naquele momento "histérico". Mas de volta à realidade, cada pessoa voltará, mais cedo ou mais tarde, ao mesmo estado em que antes estava. No entanto, continuarão frequentando aos mesmos tipos de  palestras mágicas.
          As  tarefinhas  empacotadas que alguns profissionais passam para seus ouvintes, também causam o mesmo efeito para alguns pacientes. No entanto, esses, continuarão  a fazer seus deveres de casa... Até que...

Um belo dia se perceba que não existe nenhum pote de ouro no final do arco-íris,
E que talvez  nem  exista o seu final

Não existe tesouro ou pote perdido
A não ser aquele escondido  no coração

Que pode ser vazio, triste, ou frio
Mas ainda assim ― um pote...
Contendo os dias que a vida oferece em seu caminho

Caminho este, nem sempre bonito
Nem sempre espinhoso ou colorido
Mas com o gozo de quem aprende com ele
Ou de quem simplesmente com ele ―jaz.



[texto de:

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ANIVERSARIANDO (parte 1)

Hoje um amigo meu completou mais um ano de vida.
E me fez pensar nas possibilidades que se tem de observar o dia do nosso nascimento. Me inspirou inclusive 3 postagens  sobre o assunto. Postarei uma agora e outra depois.

         Muitos o observam como mais um dia de trabalho, mesmos em dias de feriado. Outros simplesmente preferem não  observar o dia em que nasceram. Preferem passar às cegas ou esquecê-lo, provavelmente, da mesma maneira que esquecem de si mesmos... como se fizessem outra coisa na vida, além de:
  • Esquecer-se.
  • Priorizar outras pessoas.
  • Valorizar outras pessoas.
  • Se envolver com outros afazeres de maior interesse.
Mas aí eu pergunto: Que interesse existe no mundo maior que as nossas próprias prioridades?
Consultando o discionário (Priberam) encontrei esta definição:
  (do latim prior, -oris, que está mais frente)
Preferência conferida a alguém, relativamente ao tempo de realização do seu direito, com preterição do de outros.
Gostaria de dizer para os caros leitores que você tem TODO o direito de se priorizar, sem se sentir culpado, ou sem se sentir egoísta. Pois todo ego-ismo, no mais amplo sentido da palavra, diz respeito ao EGO. Parece simples enfatizar isso, mas se perguntar como anda o EGO de muitas pessoas que  não se prioriza, ao menos uma vez no ano, constataremos uma enorme fragilidade... ou talvez  esse EGO nem exista. E por quê? porque o EGO dela está sendo o EGO de outras pessoas. O que é facilmente confudido com ALTRUÍSMO. Que de acordo com o mesmo discionário consultado é:

"Inclinação para procurarmos obter o bem para o próximo.
Inclinação essa que tem como objeto, sempre o Outro. A libido do sujeito se dirije ao outro. Investindo no outro. Uma catexia, diria a psicanálise, no sentido de investimento. Mas, ao mesmo tempo em que se investe no outro, se des-investe de si. Talvez um sentido mais psicanalítico da palavra altruísmo seria ―O Nosso EGO se esvazia para investir no outro.
        Nós poderíamos ir longe nesse ALTRUÍSMO x EGOÍSMO, mas fica para uma outra postagem, caso os leitores achem importante fazer um texto só para esse tema. Havendo interesse, é só deixar um recado na caixa  de comentários, abaixo deste escrito.  No momento, me proponho apenas a falar do cuidado que precisamos ter com nós mesmos. De reservar um tempo MAIOR para nosso cuidado pessoal. Perceber o quê de nós, está precisando de um carinho maior  da nossa própria parte. Precisamos rever nossa conduta, e readotar uma outra postura frente àquela que vem sendo tomada com a primeira pessoa do singular.
         O que está acontecendo para se conjugar apenas na 2ª pessoa?
Já não se sabe mais o que se quer nesse mundo. O que pode se pensar como causa desse fenômeno ―o fator TU:
  • o que TU achas disso?
  • o que TU queres pra mim?
  • o que TU desejas?
Em vez de se pensar:
  • O que EU acho disso?
  • O que EU quero pra mim?
  • O que EU desejo?
O medo de pensar em SI, parece que domina, ou se acostuma, levando a um comodismo mental ―de se acreditar  que o desejo do Outro, é o nosso desejo. Sabe como isso se chama: ALIENAÇÃO. Algumas instituições dão o nome de cristianismo. O cristianismo que eu conheço é outra coisa; mas enfim, não vou entrar nesse viés religioso, pois este, não é o foco deste blog.
           Mas, voltando ao ponto da alienação ―ela não vem de agora. Poucas são as pessoas, que desde pequenas, foram ensinadas a se responsabilizar pelos seus atos, suas consequências, suas escolhas. Poucas foram as pessoas que tiveram a oportunidades de tomar iniciativas. Poucas foram as pessoas a quem foram dadas o direito de quebrarem a cara. Na maior idade, o que se tornam? crianças crescidas, ou ALIENADAS. Vão tentar aprender agora, na idade adulta, tudo aquilo que deveriam ter aprendido na mais tenra idade. O que observamos em nossos dias? Altíssimos índices de atos impensados, imaturos e infantis. Mas, nunca é tarde. NUNCA é tarde para PARAR um pouco pra pensar em si... sem medo de parecer egoista. E se isso for difícil para você conseguir sozinho  procure  um psicólogo ou psicanálista.
E quando  seu aniversário chegar, não esqueça de que o dia é SEU. E pode haver várias maneiras de observá-lo, assim como há várias maneiras de passa-lo às cegas... de alienar-se de SI, para observar os outros. É uma escolha... e mais uma oportunidade que a vida lhe dá para responsabilizar-se pelos resultados de suas escolhas; mesmo sendo ela ―a opção de não fazer NADA...
(nada por si mesmo).

sábado, 28 de julho de 2012

A verdade que ninguém quer saber

Preza-se muito pela verdade... especialmente aquela que ficou-se sabendo por outra pessoa.
  •  Dizem que a verdade dói na "cara".
  • Na política criou-se inclusive a comissão da verdade;
  • Nos julgamentos se jura falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade.
  •         E tua verdade? Qual é?

       Confrontados com ela, muitos fogem, outros não querem saber.
À exemplo disso em casos de suspeita de doença, é muito frequente encontrar na cultura masculina aqueles que preferem não ir ao médico para não se defrontar com a  verdade sobre sua saúde. Mas, não iremos aprofundar sobre a saúde orgânica, uma vez que, este blog se propõe a enfatizar a saúde psíquica.
Dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Nesta perspectiva, muitos pre-conceitos se perpetuam como verdade. Especialmente  aqueles que dificultam as mulheres de se divorciarem. Culturalmente, mulher divorciada ainda é mulher puta, ameaça para outras mulheres, e temor para as próprias amigas, inclusive.
 "... as barreiras sociais nos cegam."[Goleman, 1946]
       Culturalmente, ao homem cabe arrotar grandeza, virilidade... não importa o que diga, o que faça (especialmente frente a outros do grupo).
Homem tem que ostentar a sua POTÊNCIA... Seja esta potência financeira ou sexual. Finanças e sexualidade [pode não parecer mas] estão intimamente relacionadas. Desenvolverei isso em outra postagem... No momento cabe apenas relacionar que encontrar-se em muitos cenários conjugais tudo aquilo que vem a ser artifício para lidar com a  insatisfação [comum] de parceiros sexuais; e, tudo aquilo que os acalenta.   Importa destacar  que a  INSATISFAÇÃO nunca se satisfafaz e é por isso que se chama ―insatisfação. E, claro, que essa definição de insatisfação não satisfaz. Mas, por ora, os deixarei insatisfeitos com a mesma. Cabe também enfatizar a insatisfação que impulsiona os ítens a seguir:
  1. Qual é o homem que quer ter dúvida de sua potencialidade? [no mais amplo sentido da palavra]
  2. Quem gostaria de ouvir NÃO como resposta, após a famosa cena sexual: "foi bom pra você?"
  3. Quem gostaria de saber que a pessoa a quem  mais se desejou na vida nunca sentira nada mais do que nada?
  4. E se lhe fosse dito que seu relacionamento é de conveniência e, só você  não consegue  ver?   
  • E se tudo isso fosse VERDADE???... Como você lidaria com isso?
Os  exemplos citados acima, são  presentes pelo mundo à fora. Às vezes, mais de um  dos itens destacados  podem serem encontrados em uma mesma pessoa. Seriam verdades de pessoas que  talvez se sintam incapazes, receosas, inseguras, impotentes, e portanto INSATISFEITAS. Mas insatisfação não é o foco de hoje, apesar de que, qualquer um dos pontos questionados  poderiam estar presente na vida de qualquer um de nós. Esses, ou outros semelhantes. E nós, poderíamos escolher trabalhá-los de frente, ou mantê-los  à distância como fazem aqueles que muito sabe sobre os outros, e pouquíssimo sobre  si mesmo. Ou seja, aqueles que  não gostam de OUVIR-SE...de perceber-se como faltoso... Faltoso no sentido de FALTA, LACUNA, BURACO, FENDA, VAZIO, NADA.
Nesse viés, como  faltoso, o sujeito  jamais poderá completar o objeto amado. Uma dialética de BURACOS existenciais ―crise de relacionamentos e a deterioração de  outros laços... Bem aí cabe a célebre frase de Jacques Lacan quando diz que "amar é dar o que não se tem... a quem não o É!" Perfeita essa frase!... Claro que ela é bem mais ampla que o  contexto que estou colocando aqui. Mas  no momento, apenas cabe  mostrar  a dificuldade que o sujeito tem de lidar com suas próprias limitações. Nessa perspectiva, o vazio se instala como missão  que se oferece  ao outro nas constantes tentativas de preenche-lo com sucessivas provas de amor. Mesmo que seja uma prova  importada ou ditada pela mídia. Prova sempre frustrada, pois nunca haverá NADA que se possa fazer para preencher-se ou preencher o outro. Daí, a dificuldade do ser humano encarar o seu próprio NADA... de encarar a sua própria verdade.
Diante disso, surge como paliativo as verdades virtuais... aquelas verdades onde tudo é lindo, feliz e maravilhoso.
                   Para sobreviver neste mundo de "meias verdades", cria-se artifícios para que a vida não seja tão dura como dura é a verdade que  jaz dentro do ser humano e que FENDE  o seu ego. Este é  o motivo pelo qual muitos não vão ao "médico de ouvidos";  e de outros tantos não procurarem um psicólogo (ou psicanalista). Querem continuar "surdos"...
No dito popular: "O pior cego é aquele que não quer ver"...  neste contexto: O pior surdo, qual é?
É aquele que não presta atenção ao seu próprio discurso, aos lapsos de linguagem, ao que diz o seu sonho onírico, metáforas, metonímias, sintomas e todos os outros rastros que apontam para a VERDADE  do sujeito. Já é importante salientar, que a VERDADE tratada aqui, é a verdade INconsciente do sujeito.

           Um dos artifícios  mais fáceis de se observar naqueles que faltam com a própria VERDADE   é  a dedicação que eles  têm com  a vida alheia.  Seus  ouvidos são  bastante apurados   na casa das "paredes têm ouvidos". Isto é, a parede da casa dos outros.  Mesmo que sejam paredes virtuais, cibernéticas ou imaginárias.
É  muito comum encontrar pessoas dedicando-se a vida dos outros para esquecer da própria. À exemplo disso temos também  ―as ditas redes sociais.
Esta dedicação à vida de terceiros, praticada na vida real e virtual,  passa contínuamente  por um filtro negativo de visão. Onde o observa-dor  só vê o que quer. Ou seja, passa-se a ver a vida do outro (quase sempre) de maneira negativa. Colocando defeitos onde não existem. Isto porque, "defeito", cabe enfatizar, é um conceito subjetivo, chegando a ser um preconceito, no mais amplo sentido da palavra ―pre-conceito.
 "Mas, assim que um viés científico se instala, nossas lentes se embassam. Costumamos  nos agarrar a qualquer coisa que confirme o viés e ignorar o contrário [...] E, assim, quando encontramos alguém a quem o preconceito possa ser aplicado, o viés distorce nossa percepção[...]" (GOLEMAN, 1946)
 Optar pelo artifício é a via mais cômoda para os que querem ter a sensação de  se sentir melhores... melhores que os outros.
É o que condiciona àqueles que vivem a exibir os objetos e as marcas que ostentam... É uma maneira de dizerem a si mesmos:
"eu comprei a SENSAÇÃO que eu não tenho."
         A frase acima será tema da próxima postagem, onde continuarei desenvolvendo o tema da cultura masculina e suas des-ilusões.

        A NEGAÇÃO, tem sido amplamente explanada  em minhas postagens. Na postagem de hoje,  mostro-a como artifício.
           Paradoxal, é o artifício que, citado  anteriormente como recurso consciente  (vindo ter as múltiplas finalidade de mascarar, compensar, iludir, aliviar etc...) mostra-se também como recurso  que nosso INconsciente lança mão para defender-se  e/ou  proteger-se daquilo que vem a considerar  forte, pesado, ou duro demais para o sujeito enxergar, encarar, absorver, engolir, digerir, assimilar  e/ou compreender. Parece irônico, mas tudo isso diz respeito a VERDADE do sujeito. Verdade que por vezes, vem a causar indigestão... literalmente.
Verdade esta que vem a negar. Mas em Psicanálise Aplicada, Freud no volume VII de suas obras, nos lembra que a "negação é uma forma de levar em consideração o que está reprimido".

        A verdade do sujeito não está escrita em sua testa, nem escancarada em sua fala, por mais que a pessoa seja verdadeira e honesta no que diz. "A verdade do INconsciente, deve desde então, ser situada nas entrelinhas". (LACAN, 1998)
        Tão defendida por  todos,  a verdade é, paroxalmente, rejeitada pela maioria. Ou seja, a verdade que se rejeita não é a verdade dos outros, mas, própria VERDADE. Em outras palavras: a verdade do eu.
        Até onde você se conhece? E até onde está disposto a conhecer-se?

        Trabalhar-se para escutar a própria VERDADE é um caminho... Um caminho árduo... trabalhoso... Longo. Onde pode-se optar por atalhos, artifícios e dribles para tentar (como bom jogador que seja) jogar com a própria vida...é uma opção sua...uma escolha que pertence a cada um para tornar-se melhor como pessoa, como cidadão, como ser.
Eu acredito, particularmente, que a vida não é um jogo. A vida é pra ser vivida. E quem não sabe vivê-la, acaba jogando-a fora vitimizando-se por ironia da vida.
     A vida pode ser melhor... tornando-se melhor como pessoa. E tornar-se melhor, como pessoa, é bem diferente de tentar ser melhor que os outros. Pois quem quer se sentir melhor que os outros  no fundo, no fundo, sempre  se achou pior  que  todos  eles juntos. 
"E quem se acha melhor que os outros ―resiste a suas próprias melhoras."[Anderson Gomes]
Texto de:



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Brasil: país VIRIL!


             Dizem que o Brasil, é um país liberal... que é o país das bundas livres, lisas e loiras.
Nisso, o percurso ocorre desde que se liberou  a Lei áurea, abolindo a escravatura. Gerações após tanto preconceito, liberou-se o voto para mulheres e o uso de  calças e minissaias para   as mesmas ―até mesmo nas igrejas mais puritanas.
           Talvez seja por isso que se diz que vivemos na nação mais liberal do mundo... o país do futebol, onde times e torcidas rivais se munem de "viados" e "bichas" quando querem se atacar entre si com tais expressões. Os termos mais sexualizados são  os escolhidos para estarem inseridos no discurso hostil de cada jogador em potencial espalhado pelo vasto território brasileiro. E por quê? Por quê o time X é bambi, e o outro é time é de viado ou baitola?
Por que os times não podem rivalizarem simplesmente por seus títulos, troféus, gols ou dribles futebolísticos  em vez de especularem quem é o time mais macho? Existe o time mais macho ou menos macho?
          A disputa volta-se mais uma vez em torno do phallus. Poder. Um discurso INconsciente  pelo qual   se implica a sexualidade humana, tão amplamente teorizado nas psicanalises modernas.
       No discurso do futebol não é diferente. Não basta apenas ser bom jogador, tem que ser macho. Até quando? Até se provar que é possível continuar sendo um bom jogador apesar de sua sexualidade. A-pesar?
Sim... a sexualidade tem um peso enorme na cultura de um povo, especialmente no campo, no gramado, no mato. Os mesmos jogadores que se tocam, se abraçam de frente e por traz  dentro de campo: fazem comentários torpes  a respeito de tais  cumprimentos calorosos ―fora de campo.
O que se pode lá no campo, diante dos olhos ferozes das multidões, que não se pode fora de campo? O que muda? O contexto?
Em que contexto nós vivemos?
E que texto estamos escrevendo para nós mesmos lermos?

              A exemplo disso, temos o caso de um  fenômeno do futebol brasileiro, fato bem conhecido, muito noticiado na época em que  saiu com 2 travestis,  e depois, entrevistado pelo Fantástico, disse que se confundiu. Fantástico mesmo foi ele ter que  se justificar desta forma perante as marcas de propagandas publicitárias  que representa, além daquela que sustenta a sua virilidade. Ou seja, a marca do Brasil: país viril!... e altamente liberal.  Brasil, um país de todos!... De todas as culturas, de todas as nacionalidades, de todos os credos e crenças, mitos e lendas; de todos os que tem uma raíz diferente, ou seja: hetero, no mais amplo sentido da palavra. A saber:  Hetero vem da palavra grega heteros, que significa "diferente". Nesse sentido, podemos dizer que o Brasil em que vivemos, é uma nação hetero de língua, hetero de cor, hetero de sexo. E mais que isso, o Brasil é um país liberal. O país das bundas livres, lisas e loiras desde que: não seja jogador de futebol, fenômeno, goleiro, galã de televisão, cantor sertanejo universitário, atleta, ou com alguma outra profissão de destaque na sociedade. Brasil é realmente um país de todos... de todos os heterossexuais e  de todos os "heterossexualizados". Ou seja, de todos aqueles que tem que se adequar a um padrão global heteronormativo... de todos aqueles que tem sua sexualidade vigiada pelo governo, pela igreja, pela família.

            Quantas décadas não se lutou pelo casamento civil homoafetivo? E quanto ainda não se luta para que o projeto de lei [122] que criminaliza a homofobia seja aprovado?
Marta Suplicy no senado
– Essa questão da violência contra os homossexuais mostra cada vez mais a necessidade de se votar nesta casa o projeto de combate à homofobia – afirmou a senadora, que fez seu pronunciamento motivado pelo assassinato de Lucas Ribeiro Pimentel, de 15 anos, visto que segundo a polícia civil, que investiga o homicídio, há indicativos de motivação homofóbica no caso.
          Quantas notícias não saíram em torno do jeitinho meigo e dos cabelos até então compridos do jogador Richarlyson? Quantas outras  não se especula  em torno do Cristiano Ronaldo, Vampeta etc?
           Atualmente, o foco gira em torno da relação de amizade do goleiro Bruno e Macarrão. Recentemente, o advogado de Bruno declarou a imprensa que :
“A carta poderia ser o término de um relacionamento  sexual, eu pensava isso. Mas ficou claro que a carta era dentro do âmbito da amizade depois de conversar com o Bruno”, disse o advogado.




         Vivemos num mundo onde, se confirmada a homossexualidade de artistas, atletas e outros profissionais ―seus talentos e conquistas parece que desapareceriam. Desapareceriam???
       Seguida esta lógica, onde estariam hoje Elton John, Ricky Martin, Ney Matogrosso, Marco Nanini, entre outros?
Deixaram de ser reconhecidos aqueles que já se foram como Renato Russo, Fred Mercury,Cazuza etc?
"QUE PAÍS É ESSE?" Cazuza, morreu sem o saber. Mas quem é que sabe?
Quem é que sabe sobre o país que estamos construíndo?
          Talvez a resposta nem sempre seja aquela que se quer ver e ouvir. Mas... cada um sabe o que quer evitar. Cada um sabe o que quer ver. Cada um sabe o que quer ouvir, sentir, perceber. Veda-se tudo que for perturbador demais para o sujeito entrar em contato... contato consigo mesmo. E quem veda? O próprio psiquismo do sujeito que, segundo a psicanálise, se utiliza de mecanismos para defender  seu ego de toda informação ou percepção que possa tirá-lo de seu equilíbrio interno. A estes mecanismos Freud chamou de macanismos de defesa.
           Nesta perspectiva, o que o povo brasileiro não quer ver?
  • Do que é que o mundo se defende tanto?
  • Do que se sentem ameaçados? e por QUEM?
  • pela sexualidade do outro ou pela própria natureza?
"Gigante pela própria natureza,
és belo, és forte impavido colosso!
se em teu futuro espelha essa Grandeza
Terra dourada
Entre outras mil...
―és tu Brasil!"

texto de:

sábado, 7 de julho de 2012

No picadeiro da vida

        Muitas pessoas tem se valido da internet para se tornarem aquilo que não são, ou nunca foram. Buscam nesse sentido, mais um sentido no existir.
Se vivem tristes ou vazias ―se fazem vítimas de suas próprias armadilhas. Suas postagens apenas realçam o lado obscuro da  sua dura realidade escondida ―por traz da tela do computador.
      Quanto material não se encontra na  internet dignas de uma EXPOSIÇÃO psiquiátrica? Quantos risos, e piadas não se conta e não se faz  em cima de vídeos e imagens na intenção de ser célebre ou popular?
Falando nisso, os programas de TV já tem até quagros específicos sobre as ditas celebridades estantâneas. Quase todo mundo hoje em dia quer ser popular, famoso e/ou reconhecido (embora ser famoso não seja a mesma coisa de ser reconhecido).
         Mas o RECONHECIMENTO  é tudo que se quer  na vida?
Reconhecimento em termos de quê? Muitos gostariam de serem reconhecidos nas ruas como fenômenos, populares, engraçados, e brilhantes. O decalque perfeito de  um personagem como o do palhaço que, só pode mostrar o que convém  à sua maquiagem sempre sorridente. Mas estar sorridente e estar  alegre é a mesma coisa?

        Um palhaço vive para o riso. Quer ser reconhecido por ele. É a força que o move! É o sentido da sua existência. E enquanto houver possibilidade de um  sorriso ―haverá o motivo de ser palhaço. O que não quer dizer que todo palhaço esteja  alegre por dentro. Mas precisa estar sempre alegre para ser palhaço. (Precisa?)
Existem muitos palhaços tristes mundo à fora.
Existem muitos palhaços tristes  na internet.
Existem muitos palhaços tristes postando suas palhaçadas nas redes sociais.
Palhaços que não estão tristes no momento, mas que são tristes. Há diferença. Mas o desenho do seu sorriso convém para a alegria de muitos ―menos a própria.

SER e ESTAR
         Dois verbos que fazem parte da vida daqueles que se travestem dia-dia de palhaço nos picadeiros da vida. A alegria é um estado de espírito...não dá pra fingir. Mas o sorriso pode ser desenhado, e pintado de um canto da orelha á outra. Ou seja, pode-se fingir está alegre. Mas  ser alegre diz respeito ao psiquismo do sujeito, que mesmo não podendo está alegre permanentemente, este estado de alegria predomina sobre as tristezas da vida. Afinal,  o  ser humano, é um ser que  sente: alegrias e tristezas, amores e dores, esperanças e desesperos. A diferença está em como cada um de nós,  lidamos com nossas emoções. O palhaço do circo, em seu picadeiro, é um ser, que embora aparente está alegre no exercício de sua profissão ―nem sempre está... Mas ele está sempre sorrindo, o que é muito diferente. Seu sorriso largo de uma ponta a outra, é pintado. Nunca se desmancha. Mas fora do palco ele se desfaz.

E você meu caro amigo? Você sorri ou desenha um sorriso?
Por traz da cortina da sua vida, no íntimo do seu coração, quando chega em casa  você volta a sentir TODOS os outros sentimentos que  deixa de lado quando se traveste.

          Ou... é como aqueles palhaços que em seu dia-dia fazem de tudo para também serem reconhecidos como o mais alegre, o mais "azuado", o mais "resenheiro", o mais amado, o mais compreensivo, o mais bonzinho, o mais prestativo e o mais aloprado.

         O corre-corre do MAIS, nunca pára... o tempo não pára, e para onde se vai com tanta pressa?
RESPOSTA: para o mesmo lugar onde chegam todos mais cedo ou mais tarde ―pra debaixo da terra.

         E nesse reconhecimento de SER para o Outro, sabe-se cada vez menos de SI mesmo. 
DES-conhece-se... 
...E teme-se cada vez  mais o desconhecido. E o detalhe é que cresce cada vez MAIS o número de desconhecidos  [com RG] no mundo. DES-conhecidos para SI mesmos. Paradoxalmente a isso, casais ainda reclamam  que "não sabia que o seu companheiro era assim ou assado".Quando eles mesmos mal se conhecem a SI próprios, individualmente. E por mais que se enveredem na busca do autoconhecimento numa PSICOTERAPIA ―nunca se chegará ao fim― enquanto vivos.
O SER humano é uma eterna caixinha de supresas... supreendem-se... e que bom que seja assim!...pois as eternas descobertas oferecem a vida inúmeras possibilidades de sentido.

  •        Qual o sentido que você está dando a sua vida?
  • A sua vida tem sido feita de "palhaçadas" para ser ―o mais engraçado?
  • Sua vida tem sido feita de "favores" para ser ―o mais prestativo?
  • Sua vida tem sido feita de mentiras para se sentir ―aceito?
  • Sua vida tem sido apagada para não destoar dos demais?
  • Sua vida tem sido insípida e inodora para você não se tornar incômodo?
  • Ou você tem anulado a sua vida em prol do reconhecimento do Outro?

Como você quer ser conhecido?
Que imagem você está vendendo?

        A vida precisa ser bem mais que o MAIS dos outros. Ela precisa significar MAIS para você mesmo. E este significado não está no reconhecimento alheio, mas no próprio AUTOconhecimento. Mesmo quando este conhecimento implique em suas próprias perdas e dores. Mesmo que este autoconhecimento tenha a ver com TODOS os outros sentimentos que você deixa de lado quando interpreta o seu personagem  social na rua, no trabalho, na faculdade ou até mesmo nas redes sociais.

      A vida não é um ensaio, e ela exige  muito MAIS que um personagem ou uma interpretação...exige apenas que seja vivida naturalmente. [Anderson Gomes]
 texto de:


domingo, 1 de julho de 2012

CUIDE-SE


        Você... Como você se sente?
Quando foi que você se fez esta pergunta tão curta?
Qual foi a última vez que você se sentiu, se tocou, se viu ou se prestou atenção?

       No mundo tão caótico, e turbulento como o que nós vivemos, a miséria reina à céu aberto. Neste terreno, prega-se muito em fazer o bem sem olhar a quem...
concordo...
não se olha realmente AQUÉM...
só se olha além...
além de si mesmo.

      Por que a pressa desenfreada de ir atender desesperadamente ao apelo alheio ―quando alheio é, muitas vezes, o seu sentimento sobre si mesmo?

    Como poderão fazer o bem sem antes olhar o quanto se está AQUÉM de si mesmo e o quanto se está AQUÉM deste bem?

      Como se poderá fazer o bem além, se  não souber, ao menos, como  se sente?

À propósito:
―Você se sente bem neste momento?
Poucos sabem... Muitos não querem saber. Mas  não saber como se sente é preferível para quem  não quer ocupar-se dos próprios sentimentos.
Não saber como  se sente, é "pre-ferível" para quem quer esquivar-se de si mesmo. 
Não saber como se sente é uma opção feita em algum momento da vida. Uma vida onde a dura realidade pode ter ofertado poucas condições de se lidar com ela. Especialmente quando essa realidade é a sua. E  lidar com a realidade do próximo é uma maneira de NÃO  aproximar-se da própria.

       Cuidar da dor do próximo é importante. Pode até lhe fazer sentir melhor ao perceber que a dor do outro não se compara com a sua. Mas comparações não farão com que você saiba como lidar com a dor. Nem com a sua, nem com a  dor do outro. Pode até atordoá-la... ou atordoar-se, ao mesmo tempo em que tenta se doar.

       Antes de  ajudar ao outro:  Observe  se você tem se ajudado.
Antes de  ajudar ao próximo: aproxime-se de si.
Perceba se a pessoa mais D-I-S-T-A-N-T-E de você ―está sendo você mesma.
Antes de fazer o bem sem olhar a quem: olhe-se!...pois olhar-se já é um BEM .

         Bem melhor que tornar-se alheio de si mesmo, e desconhecido dos próprios sentimentos ―é reconhecer que não é o trabalho ao próximo que nos torna mais humanos... Antes, é o trabalhar-se a si mesmo:
  • Se sentindo, 
  • se buscando e,
  • se percebendo 
  • Se tornando cada vez mais capaz de compartilhar  tudo aquilo que primeiramente se cuidou dentro de si.
Portanto:
CUIDE-SE!
        E se não souber como se cuidar, busque  ajuda para tais cuidados. Pois lidar com a psiquê humana, exige cuidados  especiais e psicológicos.

CUIDAR-SE é um dever!
O que não se deve, é entregar-se ao próprio descaso, pois nada acontece por acaso.
__________
texto de:
autor

sábado, 23 de junho de 2012

capacidade X sexualidade

         "As barreiras sociais nos cegam"(GOLEMAN,2006)

 Tema de hoje: SEXUALIDADE.

Olá?
Hoje falaremos sobre SEXUALIDADE. Tema que ainda está associado a capacidade física dos seres  humanos por sua cultura.

Você bateria no seu jogador favorito por conta disso?"
[Para maiories informações sobre esta notícia, o link estará disponível ao fim deste texto]
          Achei muito boa a iniciativa da ONG alemã que distribuiu cartazes pela Polônia e Ucrânia, países que sediam a Eurocopa,  numa tentativa de diminuir o preconceito contra os gays no futebol. O cartaz traz a imagem de dois jogadores que aparecem se beijando ao lado da frase: "Você bateria no seu jogador favorito por conta disso?". A peça foi colocada nos arredores dos estádios onde estão sendo realizados os jogos. Vale lembrar, que tanto a Polônia quanto a Ucrânia são bem pouco tolerantes com relação aos homossexuais.
           Diante disso eu pergunto: Polônia e Ucrânia, são menos intolerantes que o Brasil? Já pensou se os mesmos tipos de cartazes fossem expostos aqui? Aqui no Brasil é muito bonito as pessoas dizerem que não são racistas, que não são homofóbicas ―em público. O mesmo já não acontece na conduta particular de seu dia a dia. O mesmo também não acontece na frente das câmeras. Para enfatizar  o foco sexual do meu texto de hoje, separei um vídeo apresentado no programa CQC, onde com muita competência, Rafinha Bastos  mostra, de maneira nua e crua, como uma opinião pode ser mascarada e des-mascarada na frente e por traz  das câmeras.

"Quando a luz se apagar, e a porta se fechar, quem poderá dizer 
quem é quem?" (SAMADELLO, 2012)"

          Poucos repórteres como Bastos, tem a audácia e a firmeza  em abordar temas tão polêmicos como ele só. O que, em nenhum momento diminuiu sua competência profissional, ou comprometeu sua sexualidade, seja ela como for. Vale à pena fazer uma pausa no texto e assistir ao vídeo...  pois a leitura do mesmo também se relaciona com este conteúdo.


            Todas essas opiniões colhidas na entrevista do vídeo, me fez lembrar da estrutura psicodinâmica do ser humano. Todo comportamento manifesto, é aquele coerente com as exigências sociais. São conteúdos que  em psicologia que chamaríamos de  conscientes. Mas tudo aquilo que de fato É, e que  se passa nos bastidores, por traz das câmeras: metaforicamente chamaríamos de  Inconsciente...  Constatamos então, que a opinião emitida e omitida por traz das câmeras  ―demonstra muito mais do que foi dito na frente delas. Ou seja, demonstra que existe muito material guardado abaixo de cada camada de nossa vida, longe de qualquer  holofote. Por traz dos holofotes, ninguém conhece ninguém. Muito menos debaixo de cada lâmpada fluorescente quebrada em homossexuais agredidos com este tipo de violência, como aconteceu em São Paulo um tempo atraz.
 [Para maiories informações sobre esta notícia, o link estará disponível ao fim deste texto]
[Para maiories informações sobre esta notícia, o link estará disponível ao fim deste texto]
           Apesar disso, acredito que pior que essas cenas cada vez mais recorrentes,  é o drama de quem nega a sua própria sexualidade em favor da sexualidade dos outros...  Claro que ninguém é obrigado, e nem deve ser obrigado a sair por aí declarando-se gay. Mas para os que assim o desejam declarar-se: falta abertura, espaço, direitos. Ao heterossexual, é dado o cabimento de arrotar sua virilidade; de mostrar  o quão é pegador para a sociedade que o cobra tal postura; de exibir o gesto da mão no saco escrotal por ocasião de coceiras súbitas; de gritar o quanto caçou na noite como exímio caçador; e mais que isso: dizer o que fez e o que não fez com suas "presas". A mesma postura, já não é permitida para as mulheres, e muito menos para homossexuais.
         Será nosso país, mais intolerante que outros países?
Que tipo de país estamos construindo? O país das diferenças?... ou das indiferenças?
         Me pergunto até onde estamos colaborando com este tipo de pensamento que reforça essa cultura retrógrada. Até onde consentimos e fazemos o mesmo. Até onde nos omitimos em benefício do Outro....e para o conforto do Outro. Consequentemente, pergunto: Até onde nos ANULAMOS, e ignoramos o nosso desejo?
Tal raciocínio   deduz, que essa negação esteja relacionada ao bem estar do Outro.
"A mim não importa ser a sombra
Quando você é a figura
Ser a situação
Quando você é o assunto"(ORLANDO MORAIS)
  • Pensar que se NEGA para AFIRMAR  o O'utro ―é um desejo de quem? Do sujeito ou do O'utro? 
  • Nesta perspectiva, não estaríamos falando de ALIENAÇÃO?
  •  
          Somos todos prisioneiros do sistema, diriam alguns. Mas que sistema? Pergunto eu. Do sistema capitalista? Do sistema de governo de nosso país? ou prisioneiro do sistema psíquico?
          Para Lacan (1979), nascemos no campo do Outro. Sendo o nosso primeiro grande Outro ―a mãe.  É através dela que entramos em contacto com o desejo. Desejo dela. E o nosso? O nosso, acaba sendo o desejo dela. Somos levados a satisfazer como filhos, a todos os seus desejos e faltas maternas. Daí, e desde então, a busca do IDEAL inalcançável... Ideal que sempre será outro... e outro e outro... vindo a perde-se cada vez mais na eterna busca do desejo desconhecido. Assim, o sujeito cresce em busca daquilo que não sabe. Ou seja, não sabe  o  que quer  na vida...se ser um bom médico, juíz, professor, ou qualquer outra coisa. Porém ele sabe de uma coisa: quer ser RECONHECIDO. E quem não quer ser reconhecido?...Cabe, então, enfatizar que todo RECONHECIMENTO depende de um outro...mas não um outro qualquer, mas ―um grande O'utro: alguém de referência, alguém por quem se tenha consideração. E é na busca desse reconhecimento que o sujeito se perde de si, e não mais se reconhece. Em outras palavras:
Há toda uma dificuldade de se fazer reconhecer pelo Outro. Mesmo porque, nessa busca de reconhecimento o sujeito acaba  se submetendo ao desejo desse Outro. Essa submissão pode vir a sufocá-lo, e a anulá-lo  levando esse sujeito a alienação.  Isso pode ser exemplificado com a famosa expressão bíblica tão levada ao pé da letra (literalmente) por muitos cristãos --fanáticos-- por  não saberem entender o que quer dizer  o "eu não sou mais eu, mas Cristo vive em mim"
Este tipo de "entendimento" é também exemplificado na mais linda declaração de amor em que se consta expressões como esta:
"eu não vivo sem você"
"eu sem você não sou nada".
É lindo, é poético, é até sonoro... mas só expressam o estado mental de quem não sabe mais quem é ou o que é  como pessoa ―pessoa dotada de desejos, sentimentos, gostos e outras singularidades que nos diferem um dos outros.
           Parece que vive-se em mundo disposto a adequar o ser ao mundo. Mas que mundo? Da maneira como projetam este planeta, viver nele parece ser um constante desafio, onde a lei da da sobrevivência é a lei das aparências. Mas... as aparências enganam...
Engana-se quem acha que jogadores e atletas, por exemplo, não possam contribuir para a vitória de seu time.
  • Engana-se que a força se dá, ou está na sexualidade dos sujeitos.
  • Engana-se que a capacidade de um jogador de futebol gay se diminue quando ele "arrota" sua sexualidade,ou coça o saco, da mesma forma como o hetero arrota a sua numa mesa de bar.
  • O que o diminue é o olhar do Outro... que figurado no olhar das torcidas,  xingam, cospem, vaiam, e repudiam qualquer tipo de jogador que não esteja em conformidade com os valores impostos a tradição heteronormativa.
Uma destas posturas, se assiste no seguinte vídeo de 24 segundos, a seguir:


SE FAZ REALMENTE NECESSÁRIO COLOCAR NA BALANÇA A CAPACIDADE E A SEXUALIDADE DE UMA PESSOA?

     
 É  através das escolhas que fazemos, que podemos dar MAIS ou menos peso àquilo que consideramos IMPORTANTE na vida. (Anderson Gomes)
__________
LINKs das notícias mencionadas: