sábado, 22 de dezembro de 2012

ao encontro do AMANHECER

         Assisti, dia desses  a última parte da saga Crepúsculo... e, me deixei contagiar  pela magia do contos de stephenie Meyer.

Pra mim estava claro, desde o primeiro trabalho desta autora, que se tratava de um conto. Ou seja, ficção. Nada mais podia-se esperar disso. Então, ou se senta para viajar nas ideias da Stephenie, ou fica-se  remoendo em racionalizações particulares (muito particulares).
―Eu, preferi viajar nas asas da imaginação... e gostei!

        
        Ouvi em alto e bom som comentários maldosos, durante e depois do filme, daqueles que saíram de suas casas, transcorrendo um [longo] percurso para, depois de muito esforço, simplesmente, ter o PRAZER de falar mal. 
(Pagar pra falar mal... eis mais uma forma de prazer, que descobriram para si mesmos).
        Vi e ouvi alguns dizerem: "finalmente [a saga] acabou!"
Mas o detalhe é que, esses que "se deram o alívio", acompanharam cada episódio  da saga,  até a mesma subdividir-se em parte 1 e parte 2, chegando então, ao seu desfecho. Sob qualquer pretexto, vão ao cinema, para assistir a saga Crepúsculo, e logo após, se aborrecem. Um aborrecimento que já duram vários anos sobre a mesma saga. Se eu não me engano, este foi o 5º filme da saga. Não havia  nenhuma novidade em saber quem era o mocinho, a mocinha  e  os vilões. Mas, tais "fãs" dizem que vão por causa da esposa, dos filhos, e vez por outra, se pegam assistindo justamente "aos filmes de sua vida", ou seja, de sua vida não vivida. Pretextos à parte, o que talvez os "críticos" de plantão não tenham ainda se perguntado é:
―o que os levam a  abrir um espaço em sua agenda para gastar dinheiro no intuito de ver (pela quinta ou sexta vez) um filme do qual simplesmente   vai se enojar depois?
(É o prazer de se enojar?)
        
           O mais provável, é que, algumas dificuldades internas, tenha impedido  a muitos de entrarem em contato com aquilo que há de mais primitivo em sua essência humana. Isto é, seu lado infantil. Onde mais haveria lugar para cultivar personagens tão "reais" como lobo mal, bicho papão, doendes, papai Noel, bruchas, lobisomens, vampiros, super-homens etc?
         Hoje em dia, adultos que não viveram essa etapa de mistérios e "fantasias" são também adultos que facilmente, e, sem constrangimentos, dirão as suas crianças que papai Noel não existe. Ou seja, cortarão, ou bloquearão uma etapa da vida daqueles que, assim como eles, também foram bloqueados, de alguma forma. O que dizer desses "tipos" de adultos? Que são  adultos? Ou que são simplesmente crianças crescidas protestando pelo pela infância perdida?
         
        Talvez por não  tê-la vivenciado harmoniosamente, na época apropriada, a infância desses cinéfilos continuam procurando o seu próprio AMANHECER... só que no rumo em que estão, não sairão do ECLIPSE em que, suas vidas, muito provavelmente, se encontram... Pois tais condutas ranzizas, sombrias, pessimistas e, algumas vezes,  até depressivas ―se fazem perceber em outros aspectos de suas vidas. Uma boa oportunidade para rever a qualidade de vida em que estão. Talvez, quem sabe, numa reflexão, cheguem a concluir  que, apesar de toda a sua FALTA de tempo, podem dar uma chance para si mesmos. Assim, quem sabe, poderão dar vazão  e resgatar a criança enclausurada que ainda jaz  em algum lugar de seus tristes corações.
Trabalhar-se, psicologicamente,  é sempre uma opção para o resgaste... O resgate da criança interior.

         Uma amiga minha, contou-me, certa vez, em uma conversa, que não conseguia brincar com seus filhos. Não tinha sequer tempo para eles. Mas, a mesma, vivia sempre a reclamar de tudo na vida. Era ranzinza, e pessimista... Tais características eram mascaradas sob o significante de PERFECCIONISTA. Em nome da obsessão; da mania de limpeza; e das coisas milimetricamente organizadas, nunca teve tempo para nada, nem para si mesma. Tal FALTA  de tempo, ocasionou uma infância não vivida e, sob as exigências do pais, que desde cedo sempre estiveram no patamar dos  ditadores. Foi assim, que esta jovem a-prendeu a ser a adulta que é. Felizmente não a vi nas fileiras dos "críticos" da saga Crepúsculo. As exigências sociais são mais solícitas para com as mulheres, e as mesmas ainda podem sonhar, e suspirar nas asas da ficção. 
        Já os homens, são mais dissimulados  quanto aos seus próprios desejos.
Os mesmos "críticos", em sua maioria, durante filmes como esse,  não fazem outra coisa, além de desdenhar da masculinidade dos personagens. Dá-se a pensar, o que leva tais pessoas a desdenharem  tanto da sexualidade alheia... mesmo numa FICÇÃO.
―Quem sabe, desdenhando, não se sintam mais masculinos? Talvez aqueles fossem os personagens que gostariam de ser. Talvez aqueles fossem os personagens que mais mexessem com as suas fantasias. (Fantasia tanto no sentido popular do termo, quanto no sentido psicanalítico).

           Independentemente de qual seja o filme, sempre haverão pessoas que se utilizarão de pretextos, justificativas e subterfúgios para sutilmente expressarem tudo aquilo que um dia não puderam. A isto, também serve a ARTE, e a ficção.
E nessa perspectiva, debaixo de sol e chuva, continuarão sua própria sina, sua própria saga, em busca de seu próprio AMANHECER.
Não nos surpreendamos portanto, ao encontrarmos novamente esses  "fãs" nas fileiras de outros filmes da categoria.

           Desconfio que outros "Crepúsculos" da autora virão, e, igualmente  não nos espantemos, se encontrarmos "por acaso" os mesmos "cri-cri", nas fileiras de suas ruminações de sempre. A estes, o nome da saga faz jus ao estilo de vida em que vivem... e só AMANHECERÃO -quando- a luz de seus dias, não dependerem mais do imaginário  dos outros. O que não deixa de ser um trabalho árduo... um convite sempre aberto para o  alvorecer de um panorama psicanalítico.