Assisti, dia desses a última parte da saga Crepúsculo... e, me deixei contagiar pela magia do contos de stephenie Meyer.
Pra mim estava claro, desde o primeiro trabalho desta autora, que se tratava de um conto. Ou seja, ficção. Nada mais podia-se esperar disso. Então, ou se senta para viajar nas ideias da Stephenie, ou fica-se remoendo em racionalizações particulares (muito particulares).
―Eu, preferi viajar nas asas da imaginação... e gostei!
―Eu, preferi viajar nas asas da imaginação... e gostei!
Ouvi em alto e bom som comentários maldosos, durante e depois do filme,
daqueles que saíram de suas casas, transcorrendo um [longo] percurso
para, depois de muito esforço, simplesmente, ter o PRAZER de falar mal.
(Pagar pra falar mal... eis mais uma forma de prazer, que descobriram para si mesmos).
Vi e ouvi alguns dizerem: "finalmente [a saga] acabou!"
Mas o detalhe é que, esses que "se deram o alívio", acompanharam cada episódio da saga, até a mesma subdividir-se em parte 1 e parte 2, chegando então, ao seu desfecho. Sob qualquer pretexto, vão ao cinema, para assistir a saga Crepúsculo, e logo
após, se aborrecem. Um aborrecimento que já duram vários anos sobre a
mesma saga. Se eu não me engano, este foi o
5º filme da saga. Não havia nenhuma novidade em saber quem era o
mocinho, a mocinha e os vilões. Mas, tais "fãs" dizem que vão por causa da esposa, dos filhos, e vez por
outra, se pegam assistindo justamente "aos filmes de sua vida", ou seja, de sua vida não vivida. Pretextos à parte, o que talvez os "críticos" de plantão não tenham ainda se perguntado é:
―o que os levam a abrir um espaço em sua agenda para gastar dinheiro no intuito de ver (pela quinta ou sexta vez) um filme do qual simplesmente vai se enojar depois?
(É o prazer de se enojar?)
O mais provável, é que, algumas dificuldades internas, tenha impedido a muitos de entrarem em contato
com aquilo que há de mais primitivo em sua essência humana. Isto
é, seu lado infantil. Onde mais haveria lugar para cultivar personagens
tão "reais" como lobo mal, bicho papão, doendes, papai Noel, bruchas,
lobisomens, vampiros, super-homens etc?
Hoje em dia,
adultos que não viveram essa etapa de mistérios e "fantasias" são também
adultos que facilmente, e, sem constrangimentos, dirão as suas crianças
que papai Noel não existe. Ou seja, cortarão, ou bloquearão uma etapa
da vida daqueles que, assim como eles, também foram bloqueados, de
alguma forma. O que dizer desses "tipos" de adultos? Que são adultos?
Ou que são simplesmente crianças crescidas protestando pelo pela infância perdida?
Talvez por não tê-la
vivenciado harmoniosamente,
na época apropriada, a infância desses cinéfilos continuam procurando o
seu próprio AMANHECER... só que no rumo em que estão, não sairão do
ECLIPSE em que, suas vidas, muito provavelmente, se encontram... Pois
tais condutas ranzizas, sombrias, pessimistas e, algumas vezes, até
depressivas ―se fazem perceber em outros aspectos de suas vidas. Uma boa
oportunidade para rever a qualidade de vida em que estão. Talvez, quem
sabe, numa reflexão, cheguem a concluir que, apesar de toda a sua FALTA
de tempo, podem dar uma chance para si mesmos. Assim, quem sabe,
poderão dar vazão e resgatar a criança enclausurada que ainda jaz em
algum lugar de seus tristes corações.
Trabalhar-se, psicologicamente, é sempre uma opção para o resgaste... O resgate da criança interior.
Uma amiga minha, contou-me, certa vez, em uma conversa, que não
conseguia brincar com seus filhos. Não tinha sequer tempo para eles.
Mas, a mesma, vivia sempre a reclamar de tudo na vida. Era ranzinza, e
pessimista... Tais características eram mascaradas sob o significante de
PERFECCIONISTA. Em nome da obsessão; da mania de limpeza; e das coisas
milimetricamente organizadas, nunca teve tempo para nada, nem para si
mesma. Tal FALTA de tempo, ocasionou uma infância não vivida e, sob as
exigências do pais, que desde cedo sempre estiveram no patamar dos
ditadores. Foi assim, que esta jovem a-prendeu a ser a adulta que
é. Felizmente não a vi nas fileiras dos "críticos" da saga Crepúsculo.
As exigências sociais são mais solícitas para com as mulheres, e as
mesmas ainda podem sonhar, e suspirar nas asas da ficção.
Já os homens, são mais dissimulados quanto aos seus próprios desejos.
Os
mesmos "críticos", em sua maioria, durante filmes como esse, não fazem
outra coisa, além de desdenhar da masculinidade dos personagens. Dá-se a
pensar, o que leva tais pessoas a desdenharem tanto da sexualidade
alheia... mesmo numa FICÇÃO.
―Quem sabe, desdenhando, não se
sintam mais masculinos? Talvez aqueles fossem os personagens que
gostariam de ser. Talvez aqueles fossem os personagens que mais mexessem
com as suas fantasias. (Fantasia tanto no sentido popular do termo,
quanto no sentido psicanalítico).
Independentemente de qual seja o filme, sempre haverão pessoas que se
utilizarão de pretextos, justificativas e subterfúgios para sutilmente
expressarem tudo aquilo que um dia não puderam. A isto, também serve a
ARTE, e a ficção.
E nessa perspectiva, debaixo de sol e chuva, continuarão sua própria sina, sua própria saga, em busca de seu próprio AMANHECER.
Não nos surpreendamos portanto, ao encontrarmos novamente esses "fãs" nas fileiras de outros filmes da categoria.
Desconfio que outros "Crepúsculos" da autora virão, e, igualmente
não nos espantemos, se encontrarmos "por acaso" os mesmos "cri-cri",
nas fileiras de suas ruminações de sempre. A estes, o nome da saga
faz jus ao estilo de vida em que vivem... e só AMANHECERÃO -quando- a
luz de seus dias, não dependerem mais do imaginário dos outros. O que não deixa de ser um trabalho árduo... um convite sempre aberto para o alvorecer de um panorama psicanalítico.