terça-feira, 25 de dezembro de 2012

há no mínimo: 2 POSSIBILIDADES

Podemos contemplar o vôo de uma borboleta
ou podemos ficar pensando em quantas vezes ela bate suas asas por segundo.
Há no mínimo 2 possibilidades.

Podemos contemplar o encanto dos vaga-lumes  em meio as trevas
ou podemos descobrir a causa de seu efeito fosforescente localizados na parte inferior do abdômen.
Há no mínimo 2 possibilidades.

Podemos aproveitar  o romantismo de um  encontro ao por-do-sol
ou podemos teorizar para o/a nosso(a) parceiro(a) os detalhes desse  fenômeno que  ocorre graças ao movimento de rotação da Terra.
Há no mínimo 2 possibilidades

Podemos assistir a um filme de ficção e entregar-se a magia da imaginação
ou podemos optar por um documentário, ou filme baseado em fatos reais
podemos descontrair de vez em quando
Ou podemos passar a vida tensos, contraídos e contrariados
Há no mínimo 2 possibilidades

É hora de parar para observar-se a si mesmo, em vez do movimento do outro, ou dos outros.
Observar é uma coisa e Contemplar é outra coisa.
Observa-se com os olhos, e contempla-se com o espírito.
Observar é racional
Contemplação ―espiritual... transcende o meramente ótico.

Há quem viva exclusivamente no físico e no concreto
Há quem não se  enleve
Há quem viva limitado.
Há quem viva no campo das RACIONALIZAÇÕES

Racionalizar, muitas vezes, não é uma opção...
Há pessoas que devido a sua natureza psíquica, tem a tendência de viver racionalizando ―devido a uma dificuldade íntima e pessoal (Há tratamento psicanalítico).
Tais pessoais até tentam se entregar ao universo imaginário, mas algo o impele de  ir mais além dessa tentativa. O interessante, é que não racionalizam tudo, mas apenas, o que lhe toca. Ou seja, racionalizam apenas o conteúdo referente ao seu desejo. Desejo este que, se for racionalizado "suficientemente", poderá ser mascarado, digamos assim. Nesse sentido, podemos dizer com Laplanche (2001) que a racionalização vem disfarçar diversos elementos de conflito do sujeito.

Segundo o mesmo teórico, a racionalização é um processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de vista  lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude,  uma ação, uma idéia, um sentimento etc.

Dizem que os homens são mais racionais que as mulheres. Dizem que no lado esquerdo de seus cérebros prevalece a RAZÃO. Sendo o lado direito do mesmo cérebro, o responsável pela criatividade e emoção. Dizem. Porém o que cabe aqui enfatizar é que RACIOCINAR e RACIONALIZAR são termos parecidos, porém, diferentes quanto ao seu significado.
Somos seres racionais, ou seja, dotados de raciocínio.
Racionalizar é tornar racional ou reflexivo.
Para tornar mais clara essa sutil diferença, trago a seguinte fábula:

Era uma vez uma centopéia que sabia dançar excepcionalmente bem com suas cem perninhas. Quando ela dançava, os outros animais da floresta reuniam-se para vê-la e ficavam muito impressionados com sua arte. Só um bicho não gostava de assistir a dança da centopéia: uma tartaruga.
"Como será que eu posso conseguir fazer a centopéia parar de dançar?"             -pensava ela.
Ela não podia simplesmente dizer que a dança da centopéia não lhe agradava.
E também não podia dizer que sabia dançar melhor que a centopéia, pois
ninguém iria acreditar.
Então, ela começou a bolar um plano invejoso. A tartaruga pôs-se, então, a
escrever uma carta endereçada a centopéia:
"Oh, incomparável centopéia! Sou uma devota admiradora de sua dança singular e gostaria muito de saber como você faz para dançar. Você levanta primeiro a perna esquerda de número 28 e depois a perna direita número 59, ou começa a dançar erguendo a perna direita número 26 e depois a perna esquerda número 49?
Espero anciosa por sua resposta. Cordiais saudações, a Tartaruga."
Quando a centopéia recebeu esta carta, refletiu pela primeira vez na sua
vida sobre o que fazia de fato quando dançava. Que perna ela movia primeiro?
E qual perna vinha depois?
O que aconteceu?
A centopéia nunca mais dançou.

Há milhões de tartaruga espalhadas pelo mundo à fora, presas aos cascos pesados e duros de suas RACIONALIZAÇÕES.
Nem satisfazem seus desejos, nem desejam que outros obtenham sua plena satisfação.

  • Mas há também muitas centopéias, que podem escolher entre:
  • Viver prestando atenção nos passos de sua dança,
  • Prestar atenção nos outros e no que os outros dizem
    Ou simplesmente sentir a DANÇA... na dança da vida.
(no mínimo) 2 possibilidades.
_________________________
texto de Anderson Gomes

Quando o natal for embora...

E de repente... o mundo fica bonzinho, o coração caridoso, e surge no ar aquela vontade imensa de perdoar e abraçar as almas frias.

Acho meio engraçado esta época do ano...
A cidade fica mais iluminada, as mesas mais fartas, e ganha-se mais presentes como nunca se ganhou o ano inteiro.

Infelizmente amanhã, os corações voltam a pulsar como antes, e a bondade, assim, parece ter data de validade.

O espírito natalino faz-nos prestar  atenção nos mendigos e crianças pobres à margem da sociedade com a mesma velocidade que os tornarão invisíveis no dia seguinte.
É, realmente, o espírito natalino talvez tenha data de validade... Mas não o coração sincero e genuíno, capaz de ter empatia.

Quando o natal for embora, que a nossa visão continue aberta
Que o nosso coração continue receptivo
Que nosso amor não dependa do que nos oferece o outro
Mas, antes, de nosso amor próprio.

Quando o natal for embora,
Que com ele vá apenas o peru, o panetone e as bolinnhas de natal;
Que com ele vá apenas aquela vontade superficial de abraçar
e permaneça a mesma abertura que a fez surgir.

Quando o natal for embora
Que a nossa emoção seja filtrada

e nossas ações lapidadas
Na intensão de vivermos mais que um dia de festa

Quando o natal for embora
Que Jesus possa nascer e permanecer
No coração de quem só conhece papai Noel.

---------------------------------------------------------------
(Poema de Anderson Gomes/psicólogo)