sexta-feira, 19 de abril de 2013

―Espumas!

Aquele senhor, no calçadão, sorriu e disse:

"E o melhor a fazer foi o meu melhor...
A brisa não sentida...
A espuma do mar que há tempos não via...
As pétalas, a chuva...
O andar descalço...
O rir por acaso...
O brincar como criança...

E o melhor a fazer eu desconhecia
Porque não havia ainda o melhor
...ou não o  via...

Até me sentir como aquela espuma gostosa que só existe quando as muitas águas deixam as profundezas  do oceano e vem se encontrar à beira da praia...
As minhas muitas rugas podem não significar nada,
bem como os meus múltiplos fios de cabelos brancos...
Mas a cada vez que eu me encontro comigo mesmo, brotam em mim novas alegrias como espumas do mar.

Começo a perceber que o meu melhor não foram as muitas águas da minha profunda experiência senil... Mas, o efeito que ocorre todas as vezes em que essas muitas águas encontram  as areias da minha vida."
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autor do texto:
ANDERSON GOMES
psicólogo clínico
lacaniano