segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Carência de amor

Como as pessoas  estão carentes!
Mas  há  diferença entre carência de amor e carência de ADMIRAÇÃO? É um questionamento muito oportuno  em nossos dias,  especialmente dentro das chamadas redes sociais (virtuais). Pessoas  carentes de serem ADMIRADAS... E admiradas em diferentes ângulos e poses.
Num mundo cada vez mais insensível e frio, como o que estamos vivendo, seria muito comum - carências de amor. O que não quer dizer que não se possa lidar com essas carências  ou até mesmo trata-las.
Independentemente de qual seja a carência afetiva, uma pessoa carente de ADMIRAÇÃO, no fundo pode ser uma pessoa muito carente de amor. Ou seja, em ambos os casos é o amor que está em pauta. Amor inclusive por RECONHECIMENTO.
E o que mais quer o amor, senão, ser RECONHECIDO por outro?
Porém, convém enfatizar que carência de amor demanda amor; embora não haja amor suficiente para satisfazer carências. Não porque o amor seja limitado. Mas porque a carência é ilimitada e não pode ser suprida.
No fundo a carência por ADMIRAÇÃO é uma carência de amor à própria imagem autoADMIRADA, narcisicamente.
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Texto: Anderson Gomes
(Psicólogo clínico)

domingo, 19 de novembro de 2017

Qual a diferença entre: prazer, GOZO e desejo?

Qual a diferença entre PRAZER, GOZO e DESEJO?
Estávamos tomando café quando me fizeram esta pergunta muito comum em psicanálise:
- qual é a diferença entre prazer, gozo e desejo?
Peguei o pedaço de pão, comi e disse:
- hum! Gostoso.
Peguei mais um pedaço, ainda mastigando, repeti:
- muito gostoso!
Sem terminar de mastigar, coloquei mais um pedaço do pão na boca e disse:
- hummm! Go... o som não saía. Quase engasgado pelo excesso, fiz sinal de espera. Engoli e expliquei:
- a delicia extraída no pedaço de pão era a experiência do prazer, satisfação pulsional, retirada da pressão psíquica. O prazer, difícil de abdicar, tende a promover traçados de repetição e ali se acabar por excesso. Esse era o gozo, destruição que toca no corpo na desmedida repetição do prazer e que com ele termina. O gozo também estaria na tentativa de comer tudo de uma só vez em imediato tempo. Entendem? Goza-se com o que tem retirando o sujeito de seu lugar desejante. Satisfaz-se com o que experimenta e se pode extrair delícias.
Levantei e fui saindo. Quando de repente perguntam:
- e o desejo?
Olhei para trás e disse:
- é quando eu estiver em casa, longe do pão, alucinando e fantasiando sua busca. Assim, não mais tendo, terei que buscar por outro, supostamente igual. Marca memória e faz avançar!
Animais ou menos assim.
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(autor: Eduardo L. Andrade)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

- É coisa de PRETO?

- É coisa de PRETO?
Circulou, recentemente, na internet um vídeo em que culminou no afastamento de um (ex) apresentador do Jornal da Globo,  por conta de seus comentários RACISTAS, ditos entre risos e  sorrisos ao seu colega ao lado, durante os intervalos comerciais do seu trabalho. Isto quando ambos achavam que NÃO estava sendo filmados. Independentemente do nome do repórter, jornalista ou apresentador, há quem  defenda o comentário que vazou. Há quem DIGA que não é racismo quando um comentário NÃO é feito em público.  Há quem DIGA que não existe racismo quando é DITO sem intenção de ofender.
Mas no mínimo, esse comentário "SEM QUERER", dito sem saber que estava sendo filmado, nos levanta uma importante reflexão:
- Quem somos nós quando  "ninguém" está olhando?
- O que fazemos quando os holofotes se apagam?
- O que  dizemos quando achamos que não estamos sendo ouvidos?
- Qual parte de nós fala mais alto diante de uma (suposta) "embriaguez"?
- Qual parte de nós fala diante do ódio ou da raiva (contida)?
- Qual parte de nós fala diante do preconceito (velado ou enrustido)?
- O que sairia das nossas próprias palavras, espontaneamente, sem os scripts, sem  as frases prontas e sem as CONVENIÊNCIAS sociais?
- O  que seríamos capazes de fazer ou  dizer se não fôssemos censurados socialmente?
Segundo a psicanálise:
- O que nos REVELAM nossos "atos falhos" e "lapsos de linguagem"?
- O  que REVELA o  INconsciente (da nossa mente) quando acontece um "foi sem querer querendo"?
- Que verdades NÃO são ditas diante daquelas que julgamos assumir?
Essas "verdades" "escapulidas" , ditas sem scripts e sem teleprompter, pode estar revelando um PERSONAGEM que nunca precisou ser ESCRITO para ser "DITO";
- Um personagem que nunca precisou ser ESCRITO para poder aparecer;
- Um personagem que nunca precisou ser ESCRITO para ser INTERPRETADO....
Interpretado e  TRABALHADO.
Pois há   VERDADES  que além de serem ditas, podem também serem TRABALHADAS em nossa psique humana.
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Anderson Gomes/ Psicólogo Clínico