sábado, 29 de dezembro de 2012

A vida é como um vento

É... realmente...
Pra quem deu bobeira ―este ano passou como poeira...
POEIRAS AO VENTO
Aliás, não só este ano... Mas, os anos da vida... de uma vida inteira...

Pra se ter uma ideia, por gentileza assista o clipe a seguir:

Letra e música: Kansas;
 Scorpions

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O descobrimento da vida

Hoje, um dia após a data simbólica do natal,
Li uma mensagem compartilhada nas redes sociais que trazia a seguinte mensagem:

"A vida é muito curta para reunir a família somente no Natal"
O que me inspirou escrever que:

A vida é muito curta para homenagear quem amamos apenas quando elas morrem;

Ou para elogiá-las apenas quando é conveniente à nós mesmos;

A vida é muito curta para economizarmos gentilezas, cumprimentos, saudações.
A vida é muito curta para nem sequer agradecer a tudo isso;

A vida é muito curta para passarmos por ela sem contemplar a alvorada, ou o pôr do sol;
A vida é muito curta para passarmos por ela depressa demais.
A vida é muito curta para, uma vez  ao ano ― se dá o direito de dar um mergulho num rio, lago ou mar, de sua preferência.

A vida é curta demais para passar por ela, apenas, moendo e remoendo pontos negativos... e curta demais para colecionar  mágoas e dores

Mas a vida pode ser longa para quem só vive de conveniências;
Para quem sofre por conveniência;
E para quem se escora e se ancora no muro das lamentações.

A vida pode ser longa para quem não tem nada para fazer;
Para quem sente seus  minutos como se fossem horas, e suas horas como se fossem anos.

A vida pode ser longa para quem vive na penumbra da existência do Outro.

Mas a vida pode ser mais do que isso.
A vida pode ser dura, mas pode ser plena;
Conquistada e, até amena.

A vida pode ser outra

"A tua vida pode ser aquela que se descobre no desdobramento do teu papel ―nela― enquanto sujeito."(ANDERSON GOMES)

email: andersongomes@gmail.com



terça-feira, 25 de dezembro de 2012

há no mínimo: 2 POSSIBILIDADES

Podemos contemplar o vôo de uma borboleta
ou podemos ficar pensando em quantas vezes ela bate suas asas por segundo.
Há no mínimo 2 possibilidades.

Podemos contemplar o encanto dos vaga-lumes  em meio as trevas
ou podemos descobrir a causa de seu efeito fosforescente localizados na parte inferior do abdômen.
Há no mínimo 2 possibilidades.

Podemos aproveitar  o romantismo de um  encontro ao por-do-sol
ou podemos teorizar para o/a nosso(a) parceiro(a) os detalhes desse  fenômeno que  ocorre graças ao movimento de rotação da Terra.
Há no mínimo 2 possibilidades

Podemos assistir a um filme de ficção e entregar-se a magia da imaginação
ou podemos optar por um documentário, ou filme baseado em fatos reais
podemos descontrair de vez em quando
Ou podemos passar a vida tensos, contraídos e contrariados
Há no mínimo 2 possibilidades

É hora de parar para observar-se a si mesmo, em vez do movimento do outro, ou dos outros.
Observar é uma coisa e Contemplar é outra coisa.
Observa-se com os olhos, e contempla-se com o espírito.
Observar é racional
Contemplação ―espiritual... transcende o meramente ótico.

Há quem viva exclusivamente no físico e no concreto
Há quem não se  enleve
Há quem viva limitado.
Há quem viva no campo das RACIONALIZAÇÕES

Racionalizar, muitas vezes, não é uma opção...
Há pessoas que devido a sua natureza psíquica, tem a tendência de viver racionalizando ―devido a uma dificuldade íntima e pessoal (Há tratamento psicanalítico).
Tais pessoais até tentam se entregar ao universo imaginário, mas algo o impele de  ir mais além dessa tentativa. O interessante, é que não racionalizam tudo, mas apenas, o que lhe toca. Ou seja, racionalizam apenas o conteúdo referente ao seu desejo. Desejo este que, se for racionalizado "suficientemente", poderá ser mascarado, digamos assim. Nesse sentido, podemos dizer com Laplanche (2001) que a racionalização vem disfarçar diversos elementos de conflito do sujeito.

Segundo o mesmo teórico, a racionalização é um processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de vista  lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude,  uma ação, uma idéia, um sentimento etc.

Dizem que os homens são mais racionais que as mulheres. Dizem que no lado esquerdo de seus cérebros prevalece a RAZÃO. Sendo o lado direito do mesmo cérebro, o responsável pela criatividade e emoção. Dizem. Porém o que cabe aqui enfatizar é que RACIOCINAR e RACIONALIZAR são termos parecidos, porém, diferentes quanto ao seu significado.
Somos seres racionais, ou seja, dotados de raciocínio.
Racionalizar é tornar racional ou reflexivo.
Para tornar mais clara essa sutil diferença, trago a seguinte fábula:

Era uma vez uma centopéia que sabia dançar excepcionalmente bem com suas cem perninhas. Quando ela dançava, os outros animais da floresta reuniam-se para vê-la e ficavam muito impressionados com sua arte. Só um bicho não gostava de assistir a dança da centopéia: uma tartaruga.
"Como será que eu posso conseguir fazer a centopéia parar de dançar?"             -pensava ela.
Ela não podia simplesmente dizer que a dança da centopéia não lhe agradava.
E também não podia dizer que sabia dançar melhor que a centopéia, pois
ninguém iria acreditar.
Então, ela começou a bolar um plano invejoso. A tartaruga pôs-se, então, a
escrever uma carta endereçada a centopéia:
"Oh, incomparável centopéia! Sou uma devota admiradora de sua dança singular e gostaria muito de saber como você faz para dançar. Você levanta primeiro a perna esquerda de número 28 e depois a perna direita número 59, ou começa a dançar erguendo a perna direita número 26 e depois a perna esquerda número 49?
Espero anciosa por sua resposta. Cordiais saudações, a Tartaruga."
Quando a centopéia recebeu esta carta, refletiu pela primeira vez na sua
vida sobre o que fazia de fato quando dançava. Que perna ela movia primeiro?
E qual perna vinha depois?
O que aconteceu?
A centopéia nunca mais dançou.

Há milhões de tartaruga espalhadas pelo mundo à fora, presas aos cascos pesados e duros de suas RACIONALIZAÇÕES.
Nem satisfazem seus desejos, nem desejam que outros obtenham sua plena satisfação.

  • Mas há também muitas centopéias, que podem escolher entre:
  • Viver prestando atenção nos passos de sua dança,
  • Prestar atenção nos outros e no que os outros dizem
    Ou simplesmente sentir a DANÇA... na dança da vida.
(no mínimo) 2 possibilidades.
_________________________
texto de Anderson Gomes

Quando o natal for embora...

E de repente... o mundo fica bonzinho, o coração caridoso, e surge no ar aquela vontade imensa de perdoar e abraçar as almas frias.

Acho meio engraçado esta época do ano...
A cidade fica mais iluminada, as mesas mais fartas, e ganha-se mais presentes como nunca se ganhou o ano inteiro.

Infelizmente amanhã, os corações voltam a pulsar como antes, e a bondade, assim, parece ter data de validade.

O espírito natalino faz-nos prestar  atenção nos mendigos e crianças pobres à margem da sociedade com a mesma velocidade que os tornarão invisíveis no dia seguinte.
É, realmente, o espírito natalino talvez tenha data de validade... Mas não o coração sincero e genuíno, capaz de ter empatia.

Quando o natal for embora, que a nossa visão continue aberta
Que o nosso coração continue receptivo
Que nosso amor não dependa do que nos oferece o outro
Mas, antes, de nosso amor próprio.

Quando o natal for embora,
Que com ele vá apenas o peru, o panetone e as bolinnhas de natal;
Que com ele vá apenas aquela vontade superficial de abraçar
e permaneça a mesma abertura que a fez surgir.

Quando o natal for embora
Que a nossa emoção seja filtrada

e nossas ações lapidadas
Na intensão de vivermos mais que um dia de festa

Quando o natal for embora
Que Jesus possa nascer e permanecer
No coração de quem só conhece papai Noel.

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(Poema de Anderson Gomes/psicólogo)

sábado, 22 de dezembro de 2012

ao encontro do AMANHECER

         Assisti, dia desses  a última parte da saga Crepúsculo... e, me deixei contagiar  pela magia do contos de stephenie Meyer.

Pra mim estava claro, desde o primeiro trabalho desta autora, que se tratava de um conto. Ou seja, ficção. Nada mais podia-se esperar disso. Então, ou se senta para viajar nas ideias da Stephenie, ou fica-se  remoendo em racionalizações particulares (muito particulares).
―Eu, preferi viajar nas asas da imaginação... e gostei!

        
        Ouvi em alto e bom som comentários maldosos, durante e depois do filme, daqueles que saíram de suas casas, transcorrendo um [longo] percurso para, depois de muito esforço, simplesmente, ter o PRAZER de falar mal. 
(Pagar pra falar mal... eis mais uma forma de prazer, que descobriram para si mesmos).
        Vi e ouvi alguns dizerem: "finalmente [a saga] acabou!"
Mas o detalhe é que, esses que "se deram o alívio", acompanharam cada episódio  da saga,  até a mesma subdividir-se em parte 1 e parte 2, chegando então, ao seu desfecho. Sob qualquer pretexto, vão ao cinema, para assistir a saga Crepúsculo, e logo após, se aborrecem. Um aborrecimento que já duram vários anos sobre a mesma saga. Se eu não me engano, este foi o 5º filme da saga. Não havia  nenhuma novidade em saber quem era o mocinho, a mocinha  e  os vilões. Mas, tais "fãs" dizem que vão por causa da esposa, dos filhos, e vez por outra, se pegam assistindo justamente "aos filmes de sua vida", ou seja, de sua vida não vivida. Pretextos à parte, o que talvez os "críticos" de plantão não tenham ainda se perguntado é:
―o que os levam a  abrir um espaço em sua agenda para gastar dinheiro no intuito de ver (pela quinta ou sexta vez) um filme do qual simplesmente   vai se enojar depois?
(É o prazer de se enojar?)
        
           O mais provável, é que, algumas dificuldades internas, tenha impedido  a muitos de entrarem em contato com aquilo que há de mais primitivo em sua essência humana. Isto é, seu lado infantil. Onde mais haveria lugar para cultivar personagens tão "reais" como lobo mal, bicho papão, doendes, papai Noel, bruchas, lobisomens, vampiros, super-homens etc?
         Hoje em dia, adultos que não viveram essa etapa de mistérios e "fantasias" são também adultos que facilmente, e, sem constrangimentos, dirão as suas crianças que papai Noel não existe. Ou seja, cortarão, ou bloquearão uma etapa da vida daqueles que, assim como eles, também foram bloqueados, de alguma forma. O que dizer desses "tipos" de adultos? Que são  adultos? Ou que são simplesmente crianças crescidas protestando pelo pela infância perdida?
         
        Talvez por não  tê-la vivenciado harmoniosamente, na época apropriada, a infância desses cinéfilos continuam procurando o seu próprio AMANHECER... só que no rumo em que estão, não sairão do ECLIPSE em que, suas vidas, muito provavelmente, se encontram... Pois tais condutas ranzizas, sombrias, pessimistas e, algumas vezes,  até depressivas ―se fazem perceber em outros aspectos de suas vidas. Uma boa oportunidade para rever a qualidade de vida em que estão. Talvez, quem sabe, numa reflexão, cheguem a concluir  que, apesar de toda a sua FALTA de tempo, podem dar uma chance para si mesmos. Assim, quem sabe, poderão dar vazão  e resgatar a criança enclausurada que ainda jaz  em algum lugar de seus tristes corações.
Trabalhar-se, psicologicamente,  é sempre uma opção para o resgaste... O resgate da criança interior.

         Uma amiga minha, contou-me, certa vez, em uma conversa, que não conseguia brincar com seus filhos. Não tinha sequer tempo para eles. Mas, a mesma, vivia sempre a reclamar de tudo na vida. Era ranzinza, e pessimista... Tais características eram mascaradas sob o significante de PERFECCIONISTA. Em nome da obsessão; da mania de limpeza; e das coisas milimetricamente organizadas, nunca teve tempo para nada, nem para si mesma. Tal FALTA  de tempo, ocasionou uma infância não vivida e, sob as exigências do pais, que desde cedo sempre estiveram no patamar dos  ditadores. Foi assim, que esta jovem a-prendeu a ser a adulta que é. Felizmente não a vi nas fileiras dos "críticos" da saga Crepúsculo. As exigências sociais são mais solícitas para com as mulheres, e as mesmas ainda podem sonhar, e suspirar nas asas da ficção. 
        Já os homens, são mais dissimulados  quanto aos seus próprios desejos.
Os mesmos "críticos", em sua maioria, durante filmes como esse,  não fazem outra coisa, além de desdenhar da masculinidade dos personagens. Dá-se a pensar, o que leva tais pessoas a desdenharem  tanto da sexualidade alheia... mesmo numa FICÇÃO.
―Quem sabe, desdenhando, não se sintam mais masculinos? Talvez aqueles fossem os personagens que gostariam de ser. Talvez aqueles fossem os personagens que mais mexessem com as suas fantasias. (Fantasia tanto no sentido popular do termo, quanto no sentido psicanalítico).

           Independentemente de qual seja o filme, sempre haverão pessoas que se utilizarão de pretextos, justificativas e subterfúgios para sutilmente expressarem tudo aquilo que um dia não puderam. A isto, também serve a ARTE, e a ficção.
E nessa perspectiva, debaixo de sol e chuva, continuarão sua própria sina, sua própria saga, em busca de seu próprio AMANHECER.
Não nos surpreendamos portanto, ao encontrarmos novamente esses  "fãs" nas fileiras de outros filmes da categoria.

           Desconfio que outros "Crepúsculos" da autora virão, e, igualmente  não nos espantemos, se encontrarmos "por acaso" os mesmos "cri-cri", nas fileiras de suas ruminações de sempre. A estes, o nome da saga faz jus ao estilo de vida em que vivem... e só AMANHECERÃO -quando- a luz de seus dias, não dependerem mais do imaginário  dos outros. O que não deixa de ser um trabalho árduo... um convite sempre aberto para o  alvorecer de um panorama psicanalítico.


 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Fábula da Borboleta



Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo.
Um homem sentou e observou a borboleta por várias horas...
... Como ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então, pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso.
Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia ir mais.
O homem decidiu ajudar a borboleta:
 Pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo.
A borboleta então saiu facilmente.
Mas seu corpo estava murcho, era pequeno, e tinha as asas amassadas.

 O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar com o tempo.
Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas.
Ela nunca foi capaz de voar.
O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo APERTADO  e o ESFORÇO necessário à borboleta fazia parte do processo de desenvolvimento da borboleta.
__________
[Essa fábula já existe há muito tempo. Termina aí. Mas eu, como psicólogo, gostaria de acrescentar que nós, embora humanos, também temos o nossos próprio desenvolvimento e nosso processo psíquico que é ÚNICO.]
__________
Anderson Gomes/psicólogo clínico.

A mudança que se espera dos outros

Olá pessoal? Como estão vocês?

            É comum observarmos em nosso dia a dia, como as pessoas desejam ou esperam que as outras "mudem". Mais que isso, querem "moldá-las". Isto com a ressalva de: "só quero que você 'melhore'"...ou "É para seu próprio bem". Só que, sabe-se que,  ninguém é igual a ninguém, e cada um de nós, e temos um processo psicodinâmico único.
           Quantas pessoas entram numa relação com a esperança de mudar o parceiro[a]?
Ignoram o fato de que ninguém muda ninguém. O que pode haver, como acontece na maioria dos fatos  é ― uma adaptação. Adapta-se ao outro. Mas não deveria se estranhar o fato de alguns comportamentos virem à tona [saindo debaixo do tapete] com o tempo.

       Outras vezes, essa expectativa que colocamos no outro nunca foi dele. Resta saber de quem são estas expectativas. Temos que saber o que é nosso conteúdo e o que é conteúdo do outro. Um percepção que não é tão simples assim. Pode levar tempo... Muitos passam uma vida inteira para percebem-se como pessoa, e não como sonho ou ideal do outro.
Expressões como:
"Você me decepcionou"
"Ele(a)  era a minha última esperança".
Só dizem respeito àquele que esperou, idealizou e colocou no outro um DESEJO que era próprio... e não do outro.
        O outro por sua vez, pode até ter tentado executar as informações que lhe foram imaginadas. Mas, como lidar com o imaginário do outro é tarefa exclusivamente dele, não cabe então esperar NADA, desse  outro... nem as decepções.
         Vive-se num mundo onde, comodamente, se atribue a alguém o desejo de "realizar-nos". (Anderson Gomes)
          Cabe uma intervenção psicoterapêutica, para que o sujeito possa se implica nas pŕoprias mudanças. Mudanças essas que esperam do(s)  outro(s).



domingo, 9 de dezembro de 2012

"fruta inchada"

Hoje, voltei a praticar artes plásticas. Comecei a pintar.
Fui ao centro comprar o material necessário.
Ao andar pelas ruas, um rapaz que carregava nas costas uma sacola com um aparelho de ferro, esbarrou em mim. O aparelho que carregava quase me machucou. O rapaz, continuou o seu trajeto sem olhar para trás, nem se desculpou. Eu continuei o meu caminho.

―Seu filho da P!
Poderia ser a expressão que faltaria para o pretexto de uma bala se desalojar de uma possível arma escondida e vir em direção a mim. Hoje em dia, se mata por tudo e por nada. Os noticiários competem entre si para ver quem tem a notícia mais drástica. Muitas vezes, os crimes são motivos bobos.

Algumas pessoas vivem "esbarrando" nos outros. É como ganham a vida... não têm nada a perder. Não percebem elas, que só não progridem na vida porque "esbarram" em SI mesmas. Procuram de alguma forma um significante que as barre [Metáfora Paterna] já que não foram, outrora, barradas.
A lei que não receberam, encontram, na maioria das vezes, nas forças armadas, polícia... Ou, acertando as contas com a justiça... por mais lenta que seja.

Esta postagem, não se trata de bom humor, ou de como manter o  bom humor;  ou até mesmo de não permitir que nada estrague o dia. Porém, sei que se a situação fosse inversa,  eu saberia me desculpar. Ou arcar com algum dano financeiro ou material, se preciso fosse. A questão, é que:

Me parece que em nossos dias, quase não há quem se implique no que faz, no que diz, ou  nas próprias atitudes... no próprio dano, ou no erro que cometeu ao outro.
Quase não há quem se desculpe, quem reconheça que errou ou prejudicou alguém. Já parou pra pensar nisso?

Se fôssemos falar em capitalismo, o  incidente que me ocorreu  talvez  se justificasse  pelo  "saia da frente que eu não tenho tempo a perder, ou olhar pra trás... o negócio é ganhar, ganhar e ganhar... tirar vantagem de tudo quanto se possa..."

"Que abram alas para o "EU" passar"... foi a mensagem que eu recebi hoje pela manhã daquele jovem apressado. E seria pelas vias do "EGO", que abordaríamos a questão. Quantos EGOS inchados encontramos nas diversas situações da vida???

Quem nunca se deparou com uma situação onde tudo seria facilmente resolvido com um "me desculpe, não tive a intenção..." Mesmo que fosse perceptível a verdadeira intenção. Não vem ao caso.

A questão é que muitas vezes, ao chegar na fase adulta, muitos ainda sentem-se ainda como:
"a vossa majestade ―o bebê", como diria Freud.



ESCUTE


Uma palavra faz toda uma diferença à indiferença.
Uma palavra germina mesmo quando termina.
Uma palavra floresce em meio a dor.

Uma palavra salva.
Uma palavra cura.
Uma palavra sara, suaviza, perdura.

Em meio a gritos:
―Uma palavra basta,
E num conflito:
―Uma palavra sara

Mas que não seja minha
Que não seja tua
Que seja de QUEM precisa falar...
A estes, oferecemos a ESCUTA..

Pois, mais que palavras ―eles querem se OUVIR
Mais que palavras ―sentirem-se OUVIDOS...
E os nossos ouvidos nessa arte ―faz toda DIFERENÇA.
____________________________________
[Poema de ANDERSON GOMES/psicólogo]

sábado, 8 de dezembro de 2012

Cativos d'alma

Aquelas que voam  sem saber que língua fala:
Cala à míngua os cativos dela.

Cada uma―lavra  sulcos venosos
Cada palavra rega seus próprios impulsos

Cava, cultiva, espalha, cativa
Mas cativo é ―OS  de sua própria fala

Cala-se  enquanto fala
Falando-se mais enquanto se cala

Eis o cálice amargo da palavra
que cala a quem não fala por ela.

[poema de: ANDERSON GOMES]

domingo, 21 de outubro de 2012

Coisas de Criança

      Mais um dia está terminando... a noite já anuncia a esperança de um novo amanhecer. O ano, já se finda... e outro está prestes a nascer. Já é contagem regressiva... mas contagem regressiva para quê?

      Trabalhar... trabalhar... trabalhar... para quando quiser comer... ter.
Então é assim?... Tão simples? bastando apenas nascer, crescer, reproduzir  e morrer?

      Muitos vivem numa contagem frenética contra o tempo na ânsia e no medo de desvanecer. Dizem que o homem é uma fumaça, que o tempo apaga e que o vento leva...

     O envelhecimento é um calo no calcanhar de muita gente. Especialmente no calcanhar de quem passa a juventude sem saber o que é juventude. Passam tanto tempo se PRE-ocupando com pílulas, plásticas, botox e peeling, que os anos passam sem que seja percebida a sua passagem.

     Em nossa cultura, juventude hoje é moda, estilo, "atitude". Deve ser por isso que muitos  idosos, sentem-se muito mais jovem, que aqueles cuja "essência" é mais volátil que a moda que seguem.

      A consistência da vida se fundamenta em quê?
  1. No vapor dos anos que nos esperam?
  2. Na eternidade aspirada?
  3. Ou na perspectiva que temos? (temos?)
        Quando se é criança,  a vida não passa. O tempo pára...e a eternidade existe.
É uma época onde se é feliz  e não se sabe o quanto. Por que? Porque  NÃO há para a criança: os  CONCEITOS... nem os PRE-conceitos que adoecem nosso mundo. Claro que, nesse comentário, nem estou levando em consideração as condições financeiras e os traumas que colocam em risco a vida de qualquer criança; especialmente num país como o Brasil, onde a negligência e maus tratos em relação a criança tem seu índice altíssimo. Mas apesar de toda condição precária, ainda pode-se ver uma criança sorrir, brincando nem que seja, com uma boneca velha e suja, faltando pedaços, ou até mesmo com uma bola feita com retalhos de tecido.
         Para a criança, não há conceito de FELICIDADE, nem de juventude, nem de malícia, nem de VERDADE.... simplesmente porque a criança é a própria  Felicidade. É o próprio conceito de pureza e verdade. Fonte da eterna juventude.
SINCERA, FRANCA...ela aprende [desnecessariamente] com  adultos o que é mentir, disfarçar e esconder  emoções ―em vez de vivê-las―plenamente.
Aprende  com  adultos, sobretudo: envelhecer com suas preocupações.

Resgatemos  URGENTEMENTE a criança que jaz dentro de nós...
"Se não vos converterdes, e não vos tornardes como uma criança,de maneira nenhuma, encontrarás o reino dos céus" (JESUS)

        


    

Na Beleza do Teu Olhar

      Estive pensando hoje: nunca mais postei no meu blog...
Às vezes vem muitas ideias para postar,  às vezes de tantas... não saem nenhuma para o concreto... acumulam, pululam, flutuam  e desvanecem...
Mas me dá uma sensação muito boa quando crio... quando materializo uma inspiração. E a inspiração vem do NADA... talvez não venha de Outro lugar... talvez precise exatamente desse NADA para se fertilizar... para fluir, tomar corpo, cor, textura ou a ternura de um verso.
      Fiquei pensando no TUDO que tanto -querem- possuir para o seu  NADA preencher, sanar, sarar... mas quase sempre acabam ferindo ainda mais as ideias que dependem tanto de um ESPAÇO vazio para sua gestação... e quem disse que a gestação é um processo fácil??? Traz enjôos, tonturas, mal-estares... com a diferença de, se comparado com uma mulher gestante  biológica, ―o seu filho a completa―naquele período. (obs: Digo mulher biológica, porque no INconsciente humano [psiquismo] não há sexo, mas há SEXUALIDADE, termo bem mais amplo. Escrevi sobre isso em postagens anteriores). Uma idéia gestada, traz uma sensação estranha... talvez de completude, talvez de ânsia, inquietude, euforia ou magnitude... Mas uma idéia quando parida, verbalizada e sobretudo materializada: se eterniza. Que  os livros, poemas, salmos  e canções, sejam minhas testemunhas vivas. E que vivo seja todo aquele que se eterniza nas ideias paridas de seu ser.

        Redescobri que quem cria, gera. Tem poder. Consegue coordenar letra por letra as traduções de sua alma. Torna o abstrato em concreto. Tangível ―o etéreo. E isso é um feito e tanto!... Não é para qualquer um.
Descobri que criar é um remédio natural. E sendo assim, podemos produzi-lo. Inventar, porém, se Responsabilizar por nossas próprias INVENÇÕES.

        Não há segredos para a vida. É viver. Para viver, basta apenas estar vivo. Já nascemos com vida, e por isso estamos aqui, na redundância da coisa: eu aqui escrevendo, e você aí lendo o que escrevo.
   
       Se deixamos de produzir, passamos a COPIAR...e o que é a cópia da cópia?... Acredito que seja um mundo de farmácia. Onde as drogas lícitas  se multiplicam em massa, como em massa se alienam todos aqueles que pararam de  INVENTAR a própria vida...para  reproduzir a vida do outro... do outro...e do outro.
     Agora há pouco, um internauta postou algo belíssimo que criou a partir de uma leitura que fez sobre uma flor. Em seguida, perguntou-se se era errado ou estranho apreciar tal beleza. Comentei a sua postagem, questionando o por quê de sua estranheza, uma vez que, a beleza não está na textura, na cor, ou no perfume das coisas; mas, no olhar de cada um... Mesmo que nem todos possam vê-la.  

"Cada um é responsável pelo alcance de sua própria visão... a partir do momento em que se toma consciência do que não se QUER ver."[Anderson Gomes]
   Caro leitor, SE nem todos podem ver a beleza das coisas, especialmente aquelas que estão à ponta do próprio nariz, isso é problema delas. A visão delas as cegam. Ou seja: cegos (ou cegados) pela própria visão. E como diz o ditado:
"O pior cego, é aquele que não quer ver". É uma opção. Não querer ver é uma coisa... não poder ver é outra completamente diferente.
Quem não PODE ver, busca tratamento [nesse caso, psicológico].
Quem não QUER ver, não tem quem o convença. Optou por não querer. Respeita-se.
  • Que opção você  faz na constante  CRIAÇÃO da sua vida?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

[parte 3] ANIVERSARIANDO

                     Para algumas pessoas, não faz nenhuma diferença entre viver ou morrer. Conforme falei na postagem anterior, a cor do verbo VIVER e MORRER são as mesmas, e,  conjugados do mesmo modo por  essas pessoas.
         Deixei para trazer nesta postagem, um pouco de  embasamento teórico, uma vez que  nas sequências anteriores do  tema  fui mais informal quanto ao formato do conteúdo.  Neste, gostaria de me aprofundar um pouco mais sublinhando sempre o --EU INTERIOR.
        
         Ao trazermos o título "ANIVERSARIANDO" estamos também trazendo em foco a EXISTÊNCIA HUMANA. E diante disso, se faz imprescindível questionar:
  • Qual o sentido da vida?
Trazemos aqui  algumas contribuições de  algumas ciências humanas.
Biologicamente o ser humano nasce, cresce, reproduz e morre. Esse é o sentido da vida, (biologicamente falando, enfatiso). Porém,  o ser humano não é só biológico. Podemos reagir ao meio ambiente com  algo além da nossa programação "instintiva"... Não somos restritos como os animais, que,  em sua  necessidade de comer ―caça, mata e morre. Simples assim.  Para estes seres irracionais  todos os dias é o mesmo: madruga, espreita, caça, mata, e alimenta a prole. No final do dia  (para os animais diurnos) vão  dormir sem mais perspectivas ou  expectativas para o dia seguinte... Isso porque "expectativa" é do humano, e não do animal, mineral ou vegetal, apesar de que, admitamos: muitos humanos parecem não viver... "vegetam".
Já pensou se a nossa vida fosse assim... programada UNICAMENTE pela biologia?... Nunca é demais lembrar que o ser humano é um ser bioPSICOssocial e espiritual. Ou seja, o ser humano não é tão simples como julgam os livrinhos de autoajuda, e as frases feitas tão proclamadas  em redes sociais. Não sei se essa informação influencia nossos dias, visto que, a raça humana ultimamente  está matando  por tudo e por nada.
          Por este ângulo: não somos tão diferentes dos animais, pois  assim como eles, também  não temos PENSADO, apesar de nós [humanos] "por incrível que pareça" termos a faculdade de PENSAR. É mais prático encontrar tudo prontinho, bastando seguir a maré para mastigar o mastigado já por ela. Bastando "curtir", o já curtido pela maioria. Bastando comprar o já consumido pela moda. Bastando copiar para não se dar ao trabalho de "se matar" de PENSAR.
  • "pensar, dá trabalho"
Então mais prático seria ligar o nosso piloto automático  e  "deixar a vida me levar, vida leva eu..." (ZECA PAGODINHO)
HOMEM PRIMATA
Quem sabe melhor seria, em vez de evoluir, voltarmos gradativamente no tempo a  época das cavernas?... Ou quem sabe  numa época bem mais remota... primatas.

"Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava
Eu não sabia
Que o homem criava
E também destruía..."[TITÃS]

         Do que está adiantando tanta tecnologia, se a cada dia que passa somos vítimas dela???
 A ciência que vem para avançar o homem paradoxamente tem o animalizado.  Estamos vivendo racionalmente? emocionalmente? ou por "instinto"?
  • O instinto do desejo de matar ou morrer [sem meios termos]
  • O instinto de caçar ou ser caçado [sem alternativas]
  • O instinto de fazer sexo compulsivamente [ inclusive pela internet]
  • O instinto de comprar... comprar... comprar.... gastar... possuir...possuir...possuir...
  • O instinto de construir ou destruir, de criar ou de apagar
        Já aprofundando um pouco mais a questão "instintiva", convém informar neste texto, que a palavra "instinto" foi uma má tradução  do alemão do termo: PULSÃO ―nas obras de Freud. Ou seja, na origem da palavra: PULSÃO é  Trieb, em alemão. Se faz necessário salientar isso, mesmo estando muitos de nós, humanos, se comportando como bichos, conforme  ja fora sublinhado acima.
Animais sim, tem instinto. O homem tem libido. É a libido quem alimenta a pulsão.
       Seguindo este raciocínio, acrescentemos que Freud, teorizou duas forças motriz  que, enquanto vivos, existe em nós seres humanos:
  • Pulsão de vida
  • Pulsão de morte
       Em cada ser humano,as duas forças  coexistem entre si. Porém, é dado mais vazão a uma que a outra. Ou seja, uma das pulsões é reprimida ou deslocada, quando, não bem trabalhada. Daí explica-se o desejo de criar, produzir, construir, muito presente  em uma pessoa, cuja  a Pulsão de Vida é  mais intensa  que  a  outra pulsão. O que não significa dizer que a pulsão de morte tenha se extinguido naquela pessoa... Pois as pulsões são eternas, enquanto vive o homem, habitado por ela. Porém, podem ser trabalhadas, "lapidadas".
          Antes de prosseguirmos na pulsão, convém defini-la melhor cientificamente.
  • PULSÃO:
"Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão [...]" (LAPLANCHE,2001)
          Já aquela tendência NEGATIVA  evidenciada  muito mais em uma pessoa que em outra ―mostra com nitidez a intensidade "perturbadora" da Pulsão de Morte. Refletindo inclusive   em tudo que faz, pensa, ou como lida com as diversas situações da vida; situações essas ―procuradas. Como que motivadas [impulsionadas] por um desejo destruidor ou autodestruidor muito forte.
"[...] as pulsões de morte seriam secundariamente dirigidas para o exterior, manifestando-se então sob a forma de pulsão de agressão ou de destruição". (LAPLANCHE, 2001)
        A citação acima também  é  um acréscimo a postagem anterior ao se referir  a penumbra que paira na vida de algumas pessoas independentemente de elas estarem ou não, num velório...  Como se fossem sombrias por natureza, e/ou melancólicas.
      Outras pessoas, só vivem  se estiverem envolvidas em brigas, discussões NEGATIVAS, ou vivendo permanentemente em pé de guerra... sem perceberem, que a guerra que travam é consigo mesmo, na tentativa de aliviar suas tensões, conforme destacado na  primeira citação acima [em vermelho].
      Nesse combate, vivem a morte ―na própria  vida... Assim comemoram seus aniversários, festejando a dor de existirem. E é dessa forma que passam a vida: enterrando-se dia após dia nos problemas que constroem para si mesmos, aos montes... Levando até, em alguns casos,  ao suicídio... por não se suportarem como são. Ou seja, como pessoa cheia de qualidades e defeitos. Buscam uma perfeição inalcançável... que os martirizam por meta: Mártires de si mesmos.
          Apesar de a pulsão de morte ser tão presente na vida humana, levando, segundo Freud, o homem ao seu estado inorgânico, ela é igualmente  necessária. Pois a vida voltar ao pó, como NADA, como estado zero. E é daí que  tudo se reinicia no ciclo da vida. Para fins didáticos, podemos dizer que é do pó da terra que toda vida brota e/ou  se renova para outro ciclo. Exemplo: O ser vivo que morre, transforma-se  em adubo, alimenta sementes, brota plantas, e, alimenta outros seres vivos, que,  após nascerem, também crescem, reproduzem e morrem. Prontos para começar outro ciclo na cadeia alimentar.
Enfatizando o homem, me ocorreu o seguinte  verso bíblico:
"Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste formado; pois és   , e ao   tornarás" (GENESIS 3:19, grifo nosso.)
RENASCENDO DAS CINZAS
           Se levarmos em consideração que tudo começa do zero, do NADA, então "ela é igualmente vontade de criação a partir do nada, vontade de  recomeço". (LACAN, 1997)

           Nesse sentido, pode-se conviver muito bem com as duas forças [pulsão de vida e de morte]... desde que estas, sejam trabalhadas em suas finalidades. Pois há várias maneiras de se trabalhar com a pulsão de morte sem que a morte seja empregada em termos literais, nem colocando em risco a vida. Seja a própria vida, ou a do outro. Nesta postagem, não detalharei "maneiras", pois não existe  "A" maneira....existem apenasss maneirasss. Maiores informações, poderei escrever um outro texto, caso haja interesse dos leitores.
No momento, julgo importante apenas acrescentar que para lidar com a pulsão, só mesmo recorrendo ao campo de TRABALHO  que percebeu  sua origem, a saber ― a psicanálise.
            Pode-se até recorrer a outras formas de trabalho, mas, a troco de efeitos passageiros ou paliativos; e isto quando não vem a mascarar o "X" da questão. Especialmente quando a vertente dada a pulsão  for  sob outra ótica, que não a científica (como a  ótica do misticismo ou da religiosidade por exemplo)  que atribuem assim,  as tendências negativas --NATURAIS--  do ser humano a explicações demoníacas.  Tipo de explicação cômoda ao pensamento. Ou seja, as pulsões humanas, visto por este  âmbito  espiritual  não necessitaria de base teórica,  bastaria apenas crer. E isso é tudo que o sistema quer: que não PENSEMOS!...
Seja o sistema capitalista, seja o sistema religioso. Ambos já foram UM, um dia. Mas este blog não se propõe a aprofundar tais pontos.
Apenas mostrar um pouco do funcionamento humano através dos fatos corriqueiros que acontecem ao nosso redor.
Antes de concluir, se faz necessário enfatisar, que faz parte da natureza humana o seu lado positivo, e o seu lado negativo. No mais amplos conceito da palavra NEGATIVO. [ver dicionário].
Não esqueçamos de que somos HUMANOS. Parece simples dizer isso, mas muita gente não se ver como tal. Ou se vê como bicho, ou se vê como deuses...e somos apenas humanos. Sem programação comportamental padrão. Dotados de desejos, vazios, fendas e falhas... apenas humanos.

         Nesta sequência de postagem que  trouxe o mesmo título, destaquei fatos do  aniversário de um amigo [1ª postagem]
Na 2ª postagem comentei sobre um velório.
E agora nesta 3ª e última postagem desta sequência, comparei estes fatos à luz da força que nos impele para a criação  da vida e/ou para o seu oposto. Assim, trazer um aniversário e um velório como fatos antagônicos entre si, creio ter sido bastante ilustrativos, no contexto onde os mesmos  foram comentados.

Lidar com as pulsões, não é tarefa fácil para muitos. Especialmente quando somos impelidos a nos comportar como anjos... Mas, não somos anjos...somos seres humanos... e precisamos nos olhar como tal. Esse olhar exige tempo, cuidado e dedicação. Investimento pessoal. Análise.

Para finalizar esta postagem, gostaria de dizer ao caro leitor que:
  •  Invista em você mesmo.
           Dedicar um tempo para si,  já é investir em SI mesmo; Isso, já é um bom começo. O começo do "zero".  Mas enquanto estiveres  considerando que qualquer outra coisa ou crença seja mais IMPORTANTE que seu próprio bem estar ―passarás ano após ano comemorando  as cinzas de uma triste fênix...Até conscientizar-se que não importa onde estás, ou em que ponto da vida parou: pois sempre, SEMPRE, haverá uma possibilidade de RECOMEÇAR do NADA.(Anderson Gomes)

_____________________________________________________________________________
REFERÊNCIAS:

  • LACAN, Jacques. A ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
  • LAPLANCHE, Jean. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

sábado, 1 de setembro de 2012

ANIVERSARIANDO (parte 2)

        Deixei para escrever este texto hoje, por ocasião de mais um aniversário. Hoje, de uma amiga, que me autorizou escrever um pouco sobre sua  vida, contanto que, eu não mencione seu nome, claro.

       Poetizando um pouco sua história, diria que ela é  muito reclusa, tímida, e triste. Diz não  ter motivos para comemorar. Não tem amores, não tem amados,  não tem amigos... só temores, tumores, perigos. Medo de amar. Medo de ser amada. Medo de ser rejeitada, e abandonada. A idade é apenas um lembrete para rugas, fragilidades,  sepultura.
        Sua ladainha diária se resume a "ninguém me ama, ninguém olha, ninguém me quer". Favor para ela é: não lembra-la  da passagem de mais um aniversário... que em outras palavras seria mais um ano de vida. Claro que ficar falando assim da vida alheia seria muito fácil e igualmente cômodo também. Julgar.
         Contrastando com aniversários, esta semana perdi um parente meu. Não vou entrar em detalhes (neste quesito)  porque não vem ao caso, mas  destaco  a  penumbra que pairava num  recinto, antes festivo e alegre. Notei ali, que algumas pessoas vivem constantemente dentro daquela atmosfera fria, triste e soturna... à espera da morte a cada aniversário que passa. Ou seja, seu estado de espírito não é diferente em outras situações da vida.
Dizer:        
  •                       Reaja!
  •                    Ânimo!
  •                    Coragem!
 Não é o caminho... Só quem passa na pele, sabe, que não é tão simples assim.
          Quem está, agora, no presente momento, passando por uma depressão, por exemplo, sabe que a solução para seu  atual estado não está  contida na milésima pílula que irá tomar daqui à pouco. No entanto, continuará tomando.
           As frases prontas  e sonoras, recitadas  nas mais variadas palestras: Só fazem efeito naquele momento "histérico". Mas de volta à realidade, cada pessoa voltará, mais cedo ou mais tarde, ao mesmo estado em que antes estava. No entanto, continuarão frequentando aos mesmos tipos de  palestras mágicas.
          As  tarefinhas  empacotadas que alguns profissionais passam para seus ouvintes, também causam o mesmo efeito para alguns pacientes. No entanto, esses, continuarão  a fazer seus deveres de casa... Até que...

Um belo dia se perceba que não existe nenhum pote de ouro no final do arco-íris,
E que talvez  nem  exista o seu final

Não existe tesouro ou pote perdido
A não ser aquele escondido  no coração

Que pode ser vazio, triste, ou frio
Mas ainda assim ― um pote...
Contendo os dias que a vida oferece em seu caminho

Caminho este, nem sempre bonito
Nem sempre espinhoso ou colorido
Mas com o gozo de quem aprende com ele
Ou de quem simplesmente com ele ―jaz.



[texto de:

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ANIVERSARIANDO (parte 1)

Hoje um amigo meu completou mais um ano de vida.
E me fez pensar nas possibilidades que se tem de observar o dia do nosso nascimento. Me inspirou inclusive 3 postagens  sobre o assunto. Postarei uma agora e outra depois.

         Muitos o observam como mais um dia de trabalho, mesmos em dias de feriado. Outros simplesmente preferem não  observar o dia em que nasceram. Preferem passar às cegas ou esquecê-lo, provavelmente, da mesma maneira que esquecem de si mesmos... como se fizessem outra coisa na vida, além de:
  • Esquecer-se.
  • Priorizar outras pessoas.
  • Valorizar outras pessoas.
  • Se envolver com outros afazeres de maior interesse.
Mas aí eu pergunto: Que interesse existe no mundo maior que as nossas próprias prioridades?
Consultando o discionário (Priberam) encontrei esta definição:
  (do latim prior, -oris, que está mais frente)
Preferência conferida a alguém, relativamente ao tempo de realização do seu direito, com preterição do de outros.
Gostaria de dizer para os caros leitores que você tem TODO o direito de se priorizar, sem se sentir culpado, ou sem se sentir egoísta. Pois todo ego-ismo, no mais amplo sentido da palavra, diz respeito ao EGO. Parece simples enfatizar isso, mas se perguntar como anda o EGO de muitas pessoas que  não se prioriza, ao menos uma vez no ano, constataremos uma enorme fragilidade... ou talvez  esse EGO nem exista. E por quê? porque o EGO dela está sendo o EGO de outras pessoas. O que é facilmente confudido com ALTRUÍSMO. Que de acordo com o mesmo discionário consultado é:

"Inclinação para procurarmos obter o bem para o próximo.
Inclinação essa que tem como objeto, sempre o Outro. A libido do sujeito se dirije ao outro. Investindo no outro. Uma catexia, diria a psicanálise, no sentido de investimento. Mas, ao mesmo tempo em que se investe no outro, se des-investe de si. Talvez um sentido mais psicanalítico da palavra altruísmo seria ―O Nosso EGO se esvazia para investir no outro.
        Nós poderíamos ir longe nesse ALTRUÍSMO x EGOÍSMO, mas fica para uma outra postagem, caso os leitores achem importante fazer um texto só para esse tema. Havendo interesse, é só deixar um recado na caixa  de comentários, abaixo deste escrito.  No momento, me proponho apenas a falar do cuidado que precisamos ter com nós mesmos. De reservar um tempo MAIOR para nosso cuidado pessoal. Perceber o quê de nós, está precisando de um carinho maior  da nossa própria parte. Precisamos rever nossa conduta, e readotar uma outra postura frente àquela que vem sendo tomada com a primeira pessoa do singular.
         O que está acontecendo para se conjugar apenas na 2ª pessoa?
Já não se sabe mais o que se quer nesse mundo. O que pode se pensar como causa desse fenômeno ―o fator TU:
  • o que TU achas disso?
  • o que TU queres pra mim?
  • o que TU desejas?
Em vez de se pensar:
  • O que EU acho disso?
  • O que EU quero pra mim?
  • O que EU desejo?
O medo de pensar em SI, parece que domina, ou se acostuma, levando a um comodismo mental ―de se acreditar  que o desejo do Outro, é o nosso desejo. Sabe como isso se chama: ALIENAÇÃO. Algumas instituições dão o nome de cristianismo. O cristianismo que eu conheço é outra coisa; mas enfim, não vou entrar nesse viés religioso, pois este, não é o foco deste blog.
           Mas, voltando ao ponto da alienação ―ela não vem de agora. Poucas são as pessoas, que desde pequenas, foram ensinadas a se responsabilizar pelos seus atos, suas consequências, suas escolhas. Poucas foram as pessoas que tiveram a oportunidades de tomar iniciativas. Poucas foram as pessoas a quem foram dadas o direito de quebrarem a cara. Na maior idade, o que se tornam? crianças crescidas, ou ALIENADAS. Vão tentar aprender agora, na idade adulta, tudo aquilo que deveriam ter aprendido na mais tenra idade. O que observamos em nossos dias? Altíssimos índices de atos impensados, imaturos e infantis. Mas, nunca é tarde. NUNCA é tarde para PARAR um pouco pra pensar em si... sem medo de parecer egoista. E se isso for difícil para você conseguir sozinho  procure  um psicólogo ou psicanálista.
E quando  seu aniversário chegar, não esqueça de que o dia é SEU. E pode haver várias maneiras de observá-lo, assim como há várias maneiras de passa-lo às cegas... de alienar-se de SI, para observar os outros. É uma escolha... e mais uma oportunidade que a vida lhe dá para responsabilizar-se pelos resultados de suas escolhas; mesmo sendo ela ―a opção de não fazer NADA...
(nada por si mesmo).

sábado, 28 de julho de 2012

A verdade que ninguém quer saber

Preza-se muito pela verdade... especialmente aquela que ficou-se sabendo por outra pessoa.
  •  Dizem que a verdade dói na "cara".
  • Na política criou-se inclusive a comissão da verdade;
  • Nos julgamentos se jura falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade.
  •         E tua verdade? Qual é?

       Confrontados com ela, muitos fogem, outros não querem saber.
À exemplo disso em casos de suspeita de doença, é muito frequente encontrar na cultura masculina aqueles que preferem não ir ao médico para não se defrontar com a  verdade sobre sua saúde. Mas, não iremos aprofundar sobre a saúde orgânica, uma vez que, este blog se propõe a enfatizar a saúde psíquica.
Dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Nesta perspectiva, muitos pre-conceitos se perpetuam como verdade. Especialmente  aqueles que dificultam as mulheres de se divorciarem. Culturalmente, mulher divorciada ainda é mulher puta, ameaça para outras mulheres, e temor para as próprias amigas, inclusive.
 "... as barreiras sociais nos cegam."[Goleman, 1946]
       Culturalmente, ao homem cabe arrotar grandeza, virilidade... não importa o que diga, o que faça (especialmente frente a outros do grupo).
Homem tem que ostentar a sua POTÊNCIA... Seja esta potência financeira ou sexual. Finanças e sexualidade [pode não parecer mas] estão intimamente relacionadas. Desenvolverei isso em outra postagem... No momento cabe apenas relacionar que encontrar-se em muitos cenários conjugais tudo aquilo que vem a ser artifício para lidar com a  insatisfação [comum] de parceiros sexuais; e, tudo aquilo que os acalenta.   Importa destacar  que a  INSATISFAÇÃO nunca se satisfafaz e é por isso que se chama ―insatisfação. E, claro, que essa definição de insatisfação não satisfaz. Mas, por ora, os deixarei insatisfeitos com a mesma. Cabe também enfatizar a insatisfação que impulsiona os ítens a seguir:
  1. Qual é o homem que quer ter dúvida de sua potencialidade? [no mais amplo sentido da palavra]
  2. Quem gostaria de ouvir NÃO como resposta, após a famosa cena sexual: "foi bom pra você?"
  3. Quem gostaria de saber que a pessoa a quem  mais se desejou na vida nunca sentira nada mais do que nada?
  4. E se lhe fosse dito que seu relacionamento é de conveniência e, só você  não consegue  ver?   
  • E se tudo isso fosse VERDADE???... Como você lidaria com isso?
Os  exemplos citados acima, são  presentes pelo mundo à fora. Às vezes, mais de um  dos itens destacados  podem serem encontrados em uma mesma pessoa. Seriam verdades de pessoas que  talvez se sintam incapazes, receosas, inseguras, impotentes, e portanto INSATISFEITAS. Mas insatisfação não é o foco de hoje, apesar de que, qualquer um dos pontos questionados  poderiam estar presente na vida de qualquer um de nós. Esses, ou outros semelhantes. E nós, poderíamos escolher trabalhá-los de frente, ou mantê-los  à distância como fazem aqueles que muito sabe sobre os outros, e pouquíssimo sobre  si mesmo. Ou seja, aqueles que  não gostam de OUVIR-SE...de perceber-se como faltoso... Faltoso no sentido de FALTA, LACUNA, BURACO, FENDA, VAZIO, NADA.
Nesse viés, como  faltoso, o sujeito  jamais poderá completar o objeto amado. Uma dialética de BURACOS existenciais ―crise de relacionamentos e a deterioração de  outros laços... Bem aí cabe a célebre frase de Jacques Lacan quando diz que "amar é dar o que não se tem... a quem não o É!" Perfeita essa frase!... Claro que ela é bem mais ampla que o  contexto que estou colocando aqui. Mas  no momento, apenas cabe  mostrar  a dificuldade que o sujeito tem de lidar com suas próprias limitações. Nessa perspectiva, o vazio se instala como missão  que se oferece  ao outro nas constantes tentativas de preenche-lo com sucessivas provas de amor. Mesmo que seja uma prova  importada ou ditada pela mídia. Prova sempre frustrada, pois nunca haverá NADA que se possa fazer para preencher-se ou preencher o outro. Daí, a dificuldade do ser humano encarar o seu próprio NADA... de encarar a sua própria verdade.
Diante disso, surge como paliativo as verdades virtuais... aquelas verdades onde tudo é lindo, feliz e maravilhoso.
                   Para sobreviver neste mundo de "meias verdades", cria-se artifícios para que a vida não seja tão dura como dura é a verdade que  jaz dentro do ser humano e que FENDE  o seu ego. Este é  o motivo pelo qual muitos não vão ao "médico de ouvidos";  e de outros tantos não procurarem um psicólogo (ou psicanalista). Querem continuar "surdos"...
No dito popular: "O pior cego é aquele que não quer ver"...  neste contexto: O pior surdo, qual é?
É aquele que não presta atenção ao seu próprio discurso, aos lapsos de linguagem, ao que diz o seu sonho onírico, metáforas, metonímias, sintomas e todos os outros rastros que apontam para a VERDADE  do sujeito. Já é importante salientar, que a VERDADE tratada aqui, é a verdade INconsciente do sujeito.

           Um dos artifícios  mais fáceis de se observar naqueles que faltam com a própria VERDADE   é  a dedicação que eles  têm com  a vida alheia.  Seus  ouvidos são  bastante apurados   na casa das "paredes têm ouvidos". Isto é, a parede da casa dos outros.  Mesmo que sejam paredes virtuais, cibernéticas ou imaginárias.
É  muito comum encontrar pessoas dedicando-se a vida dos outros para esquecer da própria. À exemplo disso temos também  ―as ditas redes sociais.
Esta dedicação à vida de terceiros, praticada na vida real e virtual,  passa contínuamente  por um filtro negativo de visão. Onde o observa-dor  só vê o que quer. Ou seja, passa-se a ver a vida do outro (quase sempre) de maneira negativa. Colocando defeitos onde não existem. Isto porque, "defeito", cabe enfatizar, é um conceito subjetivo, chegando a ser um preconceito, no mais amplo sentido da palavra ―pre-conceito.
 "Mas, assim que um viés científico se instala, nossas lentes se embassam. Costumamos  nos agarrar a qualquer coisa que confirme o viés e ignorar o contrário [...] E, assim, quando encontramos alguém a quem o preconceito possa ser aplicado, o viés distorce nossa percepção[...]" (GOLEMAN, 1946)
 Optar pelo artifício é a via mais cômoda para os que querem ter a sensação de  se sentir melhores... melhores que os outros.
É o que condiciona àqueles que vivem a exibir os objetos e as marcas que ostentam... É uma maneira de dizerem a si mesmos:
"eu comprei a SENSAÇÃO que eu não tenho."
         A frase acima será tema da próxima postagem, onde continuarei desenvolvendo o tema da cultura masculina e suas des-ilusões.

        A NEGAÇÃO, tem sido amplamente explanada  em minhas postagens. Na postagem de hoje,  mostro-a como artifício.
           Paradoxal, é o artifício que, citado  anteriormente como recurso consciente  (vindo ter as múltiplas finalidade de mascarar, compensar, iludir, aliviar etc...) mostra-se também como recurso  que nosso INconsciente lança mão para defender-se  e/ou  proteger-se daquilo que vem a considerar  forte, pesado, ou duro demais para o sujeito enxergar, encarar, absorver, engolir, digerir, assimilar  e/ou compreender. Parece irônico, mas tudo isso diz respeito a VERDADE do sujeito. Verdade que por vezes, vem a causar indigestão... literalmente.
Verdade esta que vem a negar. Mas em Psicanálise Aplicada, Freud no volume VII de suas obras, nos lembra que a "negação é uma forma de levar em consideração o que está reprimido".

        A verdade do sujeito não está escrita em sua testa, nem escancarada em sua fala, por mais que a pessoa seja verdadeira e honesta no que diz. "A verdade do INconsciente, deve desde então, ser situada nas entrelinhas". (LACAN, 1998)
        Tão defendida por  todos,  a verdade é, paroxalmente, rejeitada pela maioria. Ou seja, a verdade que se rejeita não é a verdade dos outros, mas, própria VERDADE. Em outras palavras: a verdade do eu.
        Até onde você se conhece? E até onde está disposto a conhecer-se?

        Trabalhar-se para escutar a própria VERDADE é um caminho... Um caminho árduo... trabalhoso... Longo. Onde pode-se optar por atalhos, artifícios e dribles para tentar (como bom jogador que seja) jogar com a própria vida...é uma opção sua...uma escolha que pertence a cada um para tornar-se melhor como pessoa, como cidadão, como ser.
Eu acredito, particularmente, que a vida não é um jogo. A vida é pra ser vivida. E quem não sabe vivê-la, acaba jogando-a fora vitimizando-se por ironia da vida.
     A vida pode ser melhor... tornando-se melhor como pessoa. E tornar-se melhor, como pessoa, é bem diferente de tentar ser melhor que os outros. Pois quem quer se sentir melhor que os outros  no fundo, no fundo, sempre  se achou pior  que  todos  eles juntos. 
"E quem se acha melhor que os outros ―resiste a suas próprias melhoras."[Anderson Gomes]
Texto de:



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Brasil: país VIRIL!


             Dizem que o Brasil, é um país liberal... que é o país das bundas livres, lisas e loiras.
Nisso, o percurso ocorre desde que se liberou  a Lei áurea, abolindo a escravatura. Gerações após tanto preconceito, liberou-se o voto para mulheres e o uso de  calças e minissaias para   as mesmas ―até mesmo nas igrejas mais puritanas.
           Talvez seja por isso que se diz que vivemos na nação mais liberal do mundo... o país do futebol, onde times e torcidas rivais se munem de "viados" e "bichas" quando querem se atacar entre si com tais expressões. Os termos mais sexualizados são  os escolhidos para estarem inseridos no discurso hostil de cada jogador em potencial espalhado pelo vasto território brasileiro. E por quê? Por quê o time X é bambi, e o outro é time é de viado ou baitola?
Por que os times não podem rivalizarem simplesmente por seus títulos, troféus, gols ou dribles futebolísticos  em vez de especularem quem é o time mais macho? Existe o time mais macho ou menos macho?
          A disputa volta-se mais uma vez em torno do phallus. Poder. Um discurso INconsciente  pelo qual   se implica a sexualidade humana, tão amplamente teorizado nas psicanalises modernas.
       No discurso do futebol não é diferente. Não basta apenas ser bom jogador, tem que ser macho. Até quando? Até se provar que é possível continuar sendo um bom jogador apesar de sua sexualidade. A-pesar?
Sim... a sexualidade tem um peso enorme na cultura de um povo, especialmente no campo, no gramado, no mato. Os mesmos jogadores que se tocam, se abraçam de frente e por traz  dentro de campo: fazem comentários torpes  a respeito de tais  cumprimentos calorosos ―fora de campo.
O que se pode lá no campo, diante dos olhos ferozes das multidões, que não se pode fora de campo? O que muda? O contexto?
Em que contexto nós vivemos?
E que texto estamos escrevendo para nós mesmos lermos?

              A exemplo disso, temos o caso de um  fenômeno do futebol brasileiro, fato bem conhecido, muito noticiado na época em que  saiu com 2 travestis,  e depois, entrevistado pelo Fantástico, disse que se confundiu. Fantástico mesmo foi ele ter que  se justificar desta forma perante as marcas de propagandas publicitárias  que representa, além daquela que sustenta a sua virilidade. Ou seja, a marca do Brasil: país viril!... e altamente liberal.  Brasil, um país de todos!... De todas as culturas, de todas as nacionalidades, de todos os credos e crenças, mitos e lendas; de todos os que tem uma raíz diferente, ou seja: hetero, no mais amplo sentido da palavra. A saber:  Hetero vem da palavra grega heteros, que significa "diferente". Nesse sentido, podemos dizer que o Brasil em que vivemos, é uma nação hetero de língua, hetero de cor, hetero de sexo. E mais que isso, o Brasil é um país liberal. O país das bundas livres, lisas e loiras desde que: não seja jogador de futebol, fenômeno, goleiro, galã de televisão, cantor sertanejo universitário, atleta, ou com alguma outra profissão de destaque na sociedade. Brasil é realmente um país de todos... de todos os heterossexuais e  de todos os "heterossexualizados". Ou seja, de todos aqueles que tem que se adequar a um padrão global heteronormativo... de todos aqueles que tem sua sexualidade vigiada pelo governo, pela igreja, pela família.

            Quantas décadas não se lutou pelo casamento civil homoafetivo? E quanto ainda não se luta para que o projeto de lei [122] que criminaliza a homofobia seja aprovado?
Marta Suplicy no senado
– Essa questão da violência contra os homossexuais mostra cada vez mais a necessidade de se votar nesta casa o projeto de combate à homofobia – afirmou a senadora, que fez seu pronunciamento motivado pelo assassinato de Lucas Ribeiro Pimentel, de 15 anos, visto que segundo a polícia civil, que investiga o homicídio, há indicativos de motivação homofóbica no caso.
          Quantas notícias não saíram em torno do jeitinho meigo e dos cabelos até então compridos do jogador Richarlyson? Quantas outras  não se especula  em torno do Cristiano Ronaldo, Vampeta etc?
           Atualmente, o foco gira em torno da relação de amizade do goleiro Bruno e Macarrão. Recentemente, o advogado de Bruno declarou a imprensa que :
“A carta poderia ser o término de um relacionamento  sexual, eu pensava isso. Mas ficou claro que a carta era dentro do âmbito da amizade depois de conversar com o Bruno”, disse o advogado.




         Vivemos num mundo onde, se confirmada a homossexualidade de artistas, atletas e outros profissionais ―seus talentos e conquistas parece que desapareceriam. Desapareceriam???
       Seguida esta lógica, onde estariam hoje Elton John, Ricky Martin, Ney Matogrosso, Marco Nanini, entre outros?
Deixaram de ser reconhecidos aqueles que já se foram como Renato Russo, Fred Mercury,Cazuza etc?
"QUE PAÍS É ESSE?" Cazuza, morreu sem o saber. Mas quem é que sabe?
Quem é que sabe sobre o país que estamos construíndo?
          Talvez a resposta nem sempre seja aquela que se quer ver e ouvir. Mas... cada um sabe o que quer evitar. Cada um sabe o que quer ver. Cada um sabe o que quer ouvir, sentir, perceber. Veda-se tudo que for perturbador demais para o sujeito entrar em contato... contato consigo mesmo. E quem veda? O próprio psiquismo do sujeito que, segundo a psicanálise, se utiliza de mecanismos para defender  seu ego de toda informação ou percepção que possa tirá-lo de seu equilíbrio interno. A estes mecanismos Freud chamou de macanismos de defesa.
           Nesta perspectiva, o que o povo brasileiro não quer ver?
  • Do que é que o mundo se defende tanto?
  • Do que se sentem ameaçados? e por QUEM?
  • pela sexualidade do outro ou pela própria natureza?
"Gigante pela própria natureza,
és belo, és forte impavido colosso!
se em teu futuro espelha essa Grandeza
Terra dourada
Entre outras mil...
―és tu Brasil!"

texto de: