domingo, 1 de abril de 2012

(cont...) A vida não é tão simples assim (2)

"Eu queria ter na vida
SIMPLESMENTE
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca
De varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer"
(PENINHA)

Antes de iniciarmos nosso texto de hoje, gostaria de lhe convidar para assistir ao clipe da estrofe acima:



Na ultima postagem deste mesmo tema, enfatizei o "devia"...
Hoje falaremos um pouco do "TER", trazida na letra da canção acima postada.
"aaaaH se eu tivesse isso... eu seria feliz..."
"aaaaH se eu conseguisse aquilo eu seria MAIS feliz..."
"aaaaH se eu pudesse..."
"aaaaH..."
"aaaaH..."
"aaaaH..."
São muitas as lamúrias como essa, que se ouve por aí.

Talvez a vida parecesse mais simples.
Mas que garantia se TEM de que a PAZ que se busca, se encontra simplesmente num lugar de mato verde pra plantar e pra colher tendo uma casinha branca de varanda com um quintal e uma janela para ver o sol nascer???

Quando se deposita GRANDES expectativas emcima de um objeto, vale à pena chamar a atenção para aquilo que é EXPECTATIVA, e para aquilo que é OBJETO... especialmente se a expectativa for TUA...

Mas ... o objeto está lá...despertando o teu DESEJO... e ele, o objeto, não TEM nada que GARANTA  a satisfação que buscarias nele.
Afinal de contas, ninguém pode dar o que não tem...

Se o objeto, causa de DESEJO,  desperta alguma reação emocional, é sinal de que esse desejo sempre existiu em alguém... 
Para ser mais enfático, permita-me, caro leitor, que eu reescreva esta frase direcionando-a para a sua pessoa, no intuito de traze-lo a uma reflexão mais contundente.  A colocação  ficaria assim:

"se o objeto, causa de DESEJO,  te desperta alguma reação emocional, é sinal de que esse desejo sempre existiu em você"... e não foi o objeto que o fez existir. Nesta perspectiva, não será ele, o objeto, quem, definitivamente, poderá saciar-te PRA SEMPRE, porque "o pra sempre, sempre acaba" (Cássia Eller).

Como objeto, não  me refiro, neste texto, simplesmente a bens materiais como uma casinha branca na varanda com um quintal e uma janela para ver o sol nascer. Vou além. Estou me referindo ao NADA... (vazio da alma).

NADA é garantia de NADA... e daí a causa de tantas frustrações, decepções, desapontamentos e depressões que muitos vêm a ter com seus entes queridos, amigos e amores de uma vida inteira... simplesmente porque se pensou que o outro poderia ser a Coisa que preenchesse ou sanasse este NADA. Simplesmente porque se pensou que o outro era o GRANDE amor da  vida... que sem ele(a) se não poderia viver...que sem ela(e) se não era NADA... e nesse sentido, você fez dele(a) o seu mundo, a sua casinha branca, a sua varanda e até mesmo o seu sol nascente.
A vida não é tão simples assim.
O ser humano não é tão simples assim. 

A cada um, cabe verificar,  as necessidades e DESEJOS de sua própria casinha ―branca ou preta, ou preto e branco, e/ou multicOR.
Cabe a cada pessoa, fazer a manutenção da "estrutura" de sua casa. Ou seja, cuidar de seu lastro interno, de sua coluna psíquica e de seus próprios alicerces inconscientes. Paradoxalmente, foi em relação a isso mesmo, que Freud (o pai da psicanálise) nos advertiu:
"O homem não é senhor, dentro de sua própria casa"

Um outro grande psicanalista a quem eu também muito admiro e pratico seus ensinamentos, teorizou certa vez:
"Amar é DAR o que não se TEM" (LACAN, 1995)
Eu poderia passar horas aqui falando sobre estas frases, mas, diante do texto que vos deixei, creio que seja mais interessante parar por aqui, e entregar os caros leitores  à sua própria reflexão.
_____________
TEXTO DE: