quarta-feira, 24 de agosto de 2016

AMAR e ser MOLDADO


Era uma vez, três irmãs: Cinderela: Anastasia e Drizella. O trio não se relacionava muito bem. Mas tinham em comum o mesmo homem e fariam de tudo para consegui-lo. Tudo mesmo: desde prejudicar a concorrência à adaptar-se ao calçado alheio. Nesse mesmo sentido, muitos são aqueles que, na arte de conviver, tentam se adaptar ao outro como se fossem um número para o SAPATINHO de CRISTAL alheio, como nos contos de fada. Mas, por mais que o ser humano seja um ser adaptável, ele não é um número ou um sapato e nem precisa se sentir como tal, moldando-se conforme os pés do seu parceiro. Pois o esforço de esmagar a si mesmo para se emoldurar ao outro, pode gerar "calos", desgastes e angústias: diante do apagamento do desejo de um, pelo desejo do outro. Assim, fora o caso das duas irmãs de Cinderela: Anastasia e Drizella. Ambas tentaram forçar sua entrada no sapatinho que não era delas para conseguir um casamento desejado (pela mãe). Mas quantas vezes esse conto de fadas se reprisa na vida real quando "por amor" se molda à "fôrma" do objeto amado?
 Na arte de conviver, nem sempre é fácil perceber a diferença entre AMAR e ser MOLDADO. Cada ser é único... sem moldes e sem cópias
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Anderson Gomes
[psicólogo clínico]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SURPREENDA-SE

"Alguém se foi... alguém partiu.
Alguém chorou... alguém sorriu.
E um olhar distante e frio se despede
 às águas do rio que um dia se formou ali"(ANDERSON GOMES).
A postagem a seguir, se baseia em fatos reais. 
       Casados há mais de 10 anos,  um casal de amigos meus se separaram. O comentário geral foi: "ohhh que surpresa! Por essa, ninguém esperava!"
Mas será que alguém tem que ESPERAR alguma coisa de outro alguém?
"O que eu espero de você é problema meu". Logo,  quem espera pode se desesperar. Pois, n
inguém conhece ninguém. O ser humano nem mesmo se conhece. Por que então esperaria conhecer  um outro?
Freud já dizia:

"O EU não é senhor dentro de sua própria casa".


        Estar casados há mais de 10 anos não quer dizer 10 anos de conhecimento sobre uma pessoa.  Nem SOBRE uma pessoa, nem, SOB uma pessoa. Ou seja, o que está SOBRE está à mostra, fora, externo, exposto, na superfície.
O que está SOB é sempre um mistério.


        Sentados numa pizzaria, eu e meus amigos conversávamos sobre aquela 
separação que um deles estava nos contando a seu respeito. Outros relatos de amigos, ali, também se somaram à mesa. Então, uma fala se sobressaiu ao afirmar:
-- Eu abriria mão da minha felicidade em prol dos meus filhos. -- Disse uma amiga nossa.

Mas, aí eu pergunto: desde quando pai e mãe JUNTOS é sinônimo de felicidade?
Existe a fórmula da felicidade?
Será que existe a equação:
  
pai+mãe(unidos)³=felicidade?

Talvez, esta suposta equação seja uma boa desculpa para "garantir" a felicidade apenas de um dos interessados. O que 
levanta alguns questionamentos:

  1. Quantos filhos cresceram presenciando dentro de casa um "mal estar" entre os pais? 
  2. Quantos filhos, desde cedo, já se sentem responsáveis pela crise da relação de seus progenitores? 
  3. Quantos filhos são usados como argumentos durante uma briga entre casais?
  4. Quantos filhos nasceram para evitar uma separação?
  5. E quantas pessoas vivem presas a um relacionamento que só existe no campo da fantasia delas?

          Talvez, esta não seja a sua situação, caro leitor. Mas, esta é uma situação muito conhecida em nossos dias. Digo - conhecida - porque comum sempre foi. Pois o "até que a morte nos separe" prometido nas cerimônias religiosas tem se tornado uma tradição. E tradição é tradição. Ou seja, não precisa ter um sentimento NA tradição.
         O 
"até que a morte nos separe" tem cumprido o seu papel. Ou seja, reservado a morte a muitos casais, conforme prometeram. Uma morte, muitas vezes, lenta, sutil e dolorosa ao longo dos anos. Para muitos casais viver sem  desejo, sem prazer e sem amor é, de fato, uma morte. Conservando-se JUNTOS apenas pela tradição. Outras vezes, a não aceitação da possibilidade da separação leva a um dos cônjuges a medidas impensadas. "até que a morte nos separe" pode até matar. Há incontáveis casos de assassinatos conhecidos na mídia. Mas, o comentário geral é:
"Mas fulano era tão dócil. Não matava nem uma mosca."

Mas, sabemos que uma mosca, não é uma pessoa. E aí, logo torno a dizer: ninguém conhece ninguém. "O homem é o momento", já dizia um pensador. É nos momentos que o homem vive  que acontecem as surpresas da vida. Mas surpresas também podem ser POSITIVAS...
        Sabemos quem ninguém casa pensando em separar-se um dia. E antes de se chegar a esta decisão muita coisa deve ser considerada, ponderada, revista e analisada. Nenhuma decisão deve ser tomada de cabeça quente ou do dia para noite como quem troca de roupa. Uma separação de casal pode ser pensada com a mesma IMPORTÂNCIA que se pensou quando um dia resolveram se casar. Mas, se  a separação, de fato, ocorrer, o pai continuará sendo pai e a mãe continuará sendo mãe, podendo olhar para o futuro com novos  olhares. Um futuro diferente daquele que se imaginou um dia. Uma surpresa. O futuro é sempre uma surpresa. Uma surpresa nem sempre fácil de se lidar, mas também não é impossível. Procurar ajuda psicológica sempre é bem vinda se houver necessidade.

          
         Se a vida de casal terminou, outra vida  recomeça a partir de então. A vida está sempre recomeçando a cada manhã para quem tem o DESEJO de vive-la. A vida continua e os filhos também -- com as mesmas responsabilidades que (possivelmente) se ensinara a eles. Com os pais JUNTOS ou não. Até porque pais JUNTOS não quer dizer (necessariamente) pais UNIDOS. Pode-se estar UNIDOS, por exemplo, na criação dos filhos, sem que - esses pais - permaneçam  JUNTOS.

          Pais separados não significa pais irresponsáveis. É aí que a responsabilidade pode dobrar se levarem em consideração um bem estar maior para todos, inclusive para os filhos (adotados ou não). Estudos demonstram que filhos se desenvolvem melhor dentro de um ambiente saudável e estável. As crianças percebem quando alguma coisa dentro de casa vai mal. Engana-se quem acha que pode "tapiar" as crianças ou fazê-las de bobas. Elas percebem tudo à sua volta, especialmente no seio familiar.  

          Novas  experiências poderão ser assimiladas  à PERCEPÇÃO de cada um... independentemente de serem pais ou filhos. Cada um tem sua percepção dos fatos da vida. E para perceber os acontecimentos da própria vida basta viver. Viver, por si só, já é um aprendizado. Não é à toa que dizem que a vida ensina.De que forma? Vivendo. Ou seja, viver as surpresas do HOJE, permitindo as  incertezas do AMANHÃ.
 Pois:

"As melhores surpresas são aquelas que se reservam para QUEM ousa dar uma chance a SI mesmo. Surpreenda-se!" (ANDERSON GOMES).

sábado, 12 de outubro de 2013

CRIANÇA por UM DIA

Acordar criança por um dia
e diante dele:
apenas a fantasia de continuar sendo
o herói que um dia fui...
― para mim.

Acordar criança por um dia
e diante dele:
fortalecê-lo...
para que nunca mais acabe...
― sem fim.

Acordar criança por um dia
e diante dele:
apenas viver, sonhar
― colorir

Acordar criança por um dia
e diante dele:
pipoca, cocada
― amendoim

Acordar criança por um dia
e diante dele:
sorrir... sorrir e sorrir...
― sem motivos

Acordar criança por um dia
e diante dele:
apenas pedir que todos os dias
sejam dia das crianças

Acordar criança por um dia
e diante dele:
Desejar que o mundo
tenha mais tempo para si mesmo

Acordar criança por um dia
e diante dele,
Apenas um pedido:

Que as pessoas tenham a sinceridade
― de muitas crianças
A singeleza...
― de muitas crianças.
A alegria
― de muitas crianças
E a amizade bem conservada
Que só as crianças sabem ter

Acordar criança por um dia
e diante dele perceber que
― Nunca é tarde para resgatar nossa criança interior
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[Autor: Anderson Gomes/psicólogo Clínico]
[orientação lacaniana]

terça-feira, 8 de outubro de 2013

DESCIDAS


Descidas:
se penosas,
dolorosas,
― Que decidas!

Se suaves,
deliciosas,
― Que decidas!

Se difíceis,
razoáveis,
― te decidas!

Vezes frias,
calorosas,
― te decidas!

Se redondas,
pontiagudas,
Sim: decidas!

nem tão claras,
e obscuras:
― parecidas.

Não tão caras,
Nem tão raras,
Mas, decidas!

São extremas,
comedidas,
― as deScidas...

Bem mais leves,
ou pesadas
que a subida.

Que subas,
Que desças,
― Que decidas!

Ou simplesmente pare.
Estaciones tua vida,
― Não decidas!

Pois mais duro que o muro:
é a descida!
― Pichado de ideias esquecidas.

Então mesmo aí de cima:
― te DECIDAS!
Não decidir,  é, em SI mesmo,
― uma opção  já decidida.

DeCidir é imprescindível às deScidas,
às subidas, e à estagnação.
Porém, nunca é tarde para DECIDIR!

Olhar para SI, e observar se precisas
de trabalhar indecisões.

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autor: Anderson Gomes
[psicólogo clínico de orientação lacaniana]

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

ESPECIALMENTE SOMOS

Um dia, não é igual ao outro.
Um outro, nunca será mais um.
Um, a MAIS, jamais é o mesmo,
 E o mesmo já se foi...

E o AGORA, é isso:
Um serviço à vida
o suspiro do vir
do viver
― devir !

Verdadeiramente
um dia nunca é igual ao outro
Ou... simplesmente nunca o É !
― Sempre está sendo!

Acontecendo...
e se esvaindo rumo as manhãs  que se renovam
em dias lindos.

Um dia, nunca é igual ao outro
Ou... igual é o que se faz n-ele
Ou... igual é o que se faz d-ele

Mas, um dia nunca é igual ao outro,
Como outros, não se igualam entre si.
Não somos mais como antes,
Como ontem, ou, no por vir

Cada dia é único,
Como único nós somos.
Cada dia é  início
daquilo que podemos fazer
por nós mesmos.

NUNCA É TARDE para mais um dia!

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[autoria: anderson gomes]
[psicólogo clínico/lacaniano
visite nosso grupo no FACEBOOK: 
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

HOJE

Hoje: o dia nasce novamente
para aquecer o desejo iminente
― até então, esquecido.

Hoje: o dia traz nova chance
Outra perspectiva ou alcance
de perceber nuances perdidas

Hoje: o dia revê
o sonho abolido
o ideal inibido
por  nuvens pesadas

Hoje: o dia promete...
ou quem sabe ― só ― mente...
somente para que  sementes
sejam  para quem semear


Hoje: é outro dia...
Nunca é tarde para vivê-lo.
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[autor: anderson gomes]
[psicólogo clínico]
[lacaniano]

segunda-feira, 15 de julho de 2013

somos eternos BUSCADORES


      
 Todos acompanhamos as passeatas e  manifestações que surpreenderam o país  ―em época de copa e de copo.
Há quem vá às ruas para reivindicar Saúde, Educação, segurança, etc.
Há quem vá às ruas para o registro de belas fotos.
Há quem vá às ruas pelo "agito", e, "curtição".
Há quem vá  para não ficar em casa.

Há quem vá às ruas sem saber por quê vai.

Muitos são os cartazes estendidos e, neles, um "Q" embutido, comum a todos os outros: A FALTA.
Enquanto especialistas políticos quebram a cabeça para saber o "Q" foi que eclodiu a revolta brasileira [e mundial]  a resposta pra tudo isso pode ser tão simples quanto infantil. O que buscam nas ruas é apenas uma versão simbolizada daquilo que falta no interior de cada um.
Bem sabemos que não é pelos R$ 0,20... nem só pelas inúmeras reivindicações estampadas em cada faixa ou camisa. Se assim fosse, este alvo concreto  seria logo alcançado, como, de fato, já está sendo alcançado, dia após dia. Ou seja, não é impossível de conseguir. O Brasil já conseguiu muitas conquistas ao longo de sua história. E, o ser humano já conseguiu muitas outras ao longo de sua evolução. Mas, a luta continua...

― E quando todas as reivindicações forem alcançadas?
...seria isto um sonho?... Ou será que teremos que nos acordar antes do amanhecer  para ter  sempre o que protestar e continuar sonhando?
"Imagine todas as pessoas vivendo suas vidas em PAZ"(John Lennon)
  Imagine acordar sem ter o quê protestar...
Quem nunca teve um dia daqueles, onde sua mãe [ou responsável] reclamava, reclamava sem ter o quê reclamar?
Dentro desta perspectiva, será que um dia sairemos nas ruas com cartaz em branco?  Ou quem sabe nesses cartazes apenas constaria um enorme ponto de interrogação?
Talvez alguém tenha se perguntado, em meio a multidão, o por quê de está ali protestando. Da mesma forma, talvez encontremos na mesma multidão, um casal que se pergunte o por quê de tantas brigas, entre eles.
Olhando mais de perto, protestamos desde que nos entendemos por gente. Aprendemos a protestar através do ciúmes que sentimos nos primeiros anos de vida. Através do Complexo de Édipo, Freud explica que o menino rivaliza com o pai por amor a mãe; enquanto a menina rivaliza com a mãe, por amor ao pai.
A palavra rivalidade não está colocado aí por acaso. Rivalidade esta que se reedita ao longo da vida, e serão substituídas pela competição com o irmãozinho, com o vizinho, com um concorrente de trabalho ou de namoro... e até mesmo de partido político.
Atualmente, percebe-se que os movimentos partidários e a-partidários estão mais focados em competirem entre si, que, nos objetivos de suas reivindicações. Nós, enquanto seres humanos, se não soubermos administrar a FALTA que nos impulsiona a viver  continuaremos atribuindo ao outro o motivo de nossas angústias, frustrações, decepções, lutas e conflitos.
Enquanto formos humanos, pertencerá a nossa espécie: esta falta, esta angústia e este conflito. Diante destes pontos mencionados, uma tendência há, em muitos de nós, para dribá-los. Muitos  tentam aliviar-se  de tais sensações. Tentam, a seu modo, lidar com suas faltas. Mas, são apenas tentativas. Pois é da natureza humana sermos seres FALTOSOS. Ou seja, a FALTA sempre existiu, e sempre irá existir. Falarei mais amplamente a respeito numa próxima postagem. No momento enfatizo que lidar com esta falta é nossa maior missão; e nisso, não há nada de concreto; nada de tangível.  Porém, ou aprendemos a trabalhar com este vazio da falta ou passaremos a vida inteira fugindo ou buscando meios para "contorná-la"[contorno no mais amplo sentido da palavra]. É da natureza humana a característica de sermos eternos BUSCADORES.No fundo, no fundo... somos eternos buscadores de nós mesmos.

Uma tentativa de lidar com a falta se faz perceber através dos movimentos  e ATOS  políticos (sejam eles partidários ou a-partidários). Outros, tentam preencher esta falta  com um trabalho, ou até mesmo com um cônjuge.

Alguns outros buscam aliviar-se nas drogas... sejam elas, lícitas ou ilícitas¹. Mas também há aqueles¹ que não conseguem encontrar um "Q", para preencher-se, aliviar-se... ou, até mesmo, quem sabe, encontrar um motivo para viver ou lutar por sua existência. Estas últimas¹ pessoas que me referi, vivem muitas vezes sem um sentido para si mesmas. E, precisam, URGENTEMENTE, de ajuda psicanalítica ou psicológica. Mas, antes, deve existir nestas pessoas "sem-sentido", um DESEJO próprio de BUSCAR ajuda para si mesmas. Pois quando deixam de BUSCAR, ou de BUSCAR-SE,  tais pessoas vão, automaticamente, deixando de EXISTIR.

Nós, seres humanos, enquanto BUSCADORES que somos, bem que poderíamos sair  às ruas, como cidadãos, e levar nos cartazes e faixas aquilo que já está subentendido nas entrelinhas das reivindicações quotidianas:
"MAIS AMOR, POR FAVOR!"

Imagine a repercussão mundial que seria, ou que resposta teríamos ao reivindicar simplesmente o "AMOR".
IMAGINE  quantas coisas seriam evitadas ou resolvidas com "MAIS AMOR"...
...Simplesmente imagine...



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¹Me referi, especificamente, àquelas pessoas [destacas no trecho em azul], que não conseguem, ou não conseguiram encontrar um sentido ou significado para suas próprias vidas.



segunda-feira, 22 de abril de 2013

Tempo para nossa criança INTERIOR

Este mês comemorou-se o dia da mentira [dia 1º].
Um dia que tirou da rotina muita gente que não sabia mais o que fazer para  fugir da mesma.
Diante do automatismo da vida, há quem sinta-se ilhado, sufocado e sem muitas alternativas para inovar.
Há quem opte por  viagens, roupas novas, ou uma tintura nova de cabelo.
Diante do automatismo da vida, há aqueles que assim preferem permanecer neste constante estado de repetição diária:
  1. acordar, 
  2. se dirigir ao trabalho,
  3.  Se dirigir para casa,
  4. Se dirigir aos filhos,
  5. Tomar aquele banho,
  6. e dormir
  7. para no dia seguinte recomeçar tudo de novo.

Há quem sinta falta de uma outra realidade...
Mas nenhum ser humano precisa ir muito distante de SI mesmo ―se não quiser.
Há um mundo mágico que nunca deixou de existir dentro de nós mesmos.
O mundo infantil.
Costumo dizer que nós, adultos, não passamos de crianças crescidas. Existe uma criança dentro de nós, que vez por outra, reivindica sua saída a este mundo frenético e automático... na tentativa de torná-lo mais leve e suave... quem sabe até: mais colorido.

Entrar em contato com nossa criança interior não é tarefa fácil... Muitas pessoas tem dificuldades de abrir um espaço para o seu lado  infantil. Talvez tenham até esquecido que foram crianças um dia. Mas, SE se esqueceram, houve um possível motivo que as afastaram das lembranças dos seus primeiros anos de vida. Sendo assim, nunca é tarde para buscar ajuda psicológica para trabalhar este lado infantil, comum a todos os seres humanos.

Hoje, me deparei com uma foto muito bonita. A de um ator que faz o vilão Loki, das histórias em quadrinho. Na foto, o ator (Tom Hiddleston), ainda vestido com o figurino do filme "Os vingadores" encontrou um tempo, na época, para esquecer as filmagens por um momento e, entrar em contato com outro universo. O universo infantil. E nem precisou ir muito longe.

Logo mais, escreverei mais a respeito do tema: criança interior.
Por hora, acho apenas necessário chamar a sua atenção, querido leitor, para  alertá-lo sobre o automatismo da vida. Ela costuma nos afastar daquilo que temos de mais precioso dentro de nós. Que, de tão precioso, exige um cuidado, um tato, e um toque especial.
Que de tão precioso pode chegar até a doer.

Nada é tão PRECIOSO quanto a criança que pulsa dentro de você!
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Texto de:

sexta-feira, 19 de abril de 2013

―Espumas!

Aquele senhor, no calçadão, sorriu e disse:

"E o melhor a fazer foi o meu melhor...
A brisa não sentida...
A espuma do mar que há tempos não via...
As pétalas, a chuva...
O andar descalço...
O rir por acaso...
O brincar como criança...

E o melhor a fazer eu desconhecia
Porque não havia ainda o melhor
...ou não o  via...

Até me sentir como aquela espuma gostosa que só existe quando as muitas águas deixam as profundezas  do oceano e vem se encontrar à beira da praia...
As minhas muitas rugas podem não significar nada,
bem como os meus múltiplos fios de cabelos brancos...
Mas a cada vez que eu me encontro comigo mesmo, brotam em mim novas alegrias como espumas do mar.

Começo a perceber que o meu melhor não foram as muitas águas da minha profunda experiência senil... Mas, o efeito que ocorre todas as vezes em que essas muitas águas encontram  as areias da minha vida."
_____________________________________________________________________________________
autor do texto:
ANDERSON GOMES
psicólogo clínico
lacaniano

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Você é PARTICULAR

No seu ponto de vista, como está o mundo hoje?
Consegue lembrar quais foram as últimas notícias que mais lhe causou espanto ou perplexidade?

  • O que fazer?
  • Para onde apelar? 
  • Como proceder?
Algumas perguntas como essas  tem enchido os bolsos das grandes fábricas de:
  • Drogas (lícitas e ilícitas),   
  • livrossss de auto-ajuda, 
  • e grandes produtores de filmes apocalípticos. 
Todos com um ponto de vista em comum:
--A possível solução para os problemas humanos!

Você, meu caro leitor, saberia dizer quais são os maiores problemas enfrentados na humanidade? (Opine aí, nos comentários abaixo do texto).
Enquanto isso, gostaria de mostrar, uma citação que muito chamou a minha atenção no que diz respeito a esta "solução" mágica:

Na seguinte frase:
"Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela"


Podemos destacar as palavras:
  • IMAGINE
  • ACREDITE (crença)

Poderíamos ir a fundo em cada uma destas palavras grifadas... mas...
Basta apenas lembrar  que  a mais "simples" das soluções não é capaz de compreender  a todas as pessoas. Nesse sentido, devemos  atentar que  nem todas  as pessoas tem a mesma condição de criar, imaginar ou crer no que quer que seja. 
Basta lembrar que nem todo mundo tem criatividade ou o mesmo poder de criação. 
Basta lembrar que poucos criam e muitos copiam. 
Basta lembrar que há os que tem a imaginação fértil, e há também  os que tem uma enorme dificuldade para "dar asas" a imaginação.
Dizer aos 4 cantos:
--"É 'só' imaginar..." é também desconsiderar que  cada ser humano tem suas particularidades:
  • Habilidades  em algumas áreas 
  • e Dificuldades em outras
Cada ser humano deve ser visto e  tratado como ÚNICO, em suas singularidades.... Respeitando suas diferenças. Este é o ponto de partida para se pensar qualquer solução para a humanidade.(ANDERSON GOMES)
      Por mais paradoxo que pareça, vale à pena visualizar o SER HUMANO como ser único, e não HUMANIDADE como coletivo. Deste modo, poderemos ir mais adiante, apontando que:
-Quando se valoriza  o particular de cada UM, o  seu coletivo  (humanidade) só tem a ganhar.  Nessa perspectiva, enfatizo que o ser humano não é máquina. Automóveis, por exemplo, podem ser produzidos em massa, em grandes quantidades, num mesmo padrão, modelo e velocidade. Cada ser humano que nasce não vem padronizado. Não tem o mesmo ritmo de aprendizagem, não tem o mesmo nível de percepção, nem a mesma condição de imaginar ou acreditar em alguma coisa.
 NÃO basta apenas sugerir ao mais criativo sujeito que ele "imagine", "acredite"... Pois o SER HUMANO   seja ele coletivo e/ou  singular ―está para-além de sua imaginação... e para-além de suas idealizações...

Concluindo:
  1. Como pedir para uma pessoa  IMAGINAR e ACREDITAR em sua imaginação sem saber o que se passa na sua "cabeça"?
  2. E como um autor poderia pedir para milhões que nunca  viu na vida,  que não sabe como as mesmas  se comportam  em seu dia a dia  ―praticar a "terapia" do   IMAGINAR e ACREDITAR?
  3. Como dar uma sugestão de massa como esta, sem considerar o que  a imaginação  alheia pode implicar em termos de  segurança pública?

Um exemplo disso são aqueles que comentem os mais diversos crimes  imaginando e acreditando que é o melhor a fazer.... Como se não bastasse, ainda imaginam e crêem que também é o melhor para o outro.

Que esta mensagem venha alertar a você  leitor  que
―sua particularidade deve ser tratada de maneira ética e responsável. Não saia por aí lendo ou assistindo qualquer coisa que soe como "receitas mágicas" para sua vida. Não saia imaginando por aí. Pelo contrário, cuide do seu imaginário.
Caso haja  algum problema que esteja  enfrentando, lembre-se:
não basta apenas "imaginar que está tudo bem"...
Leve-se a sério.
Cuide-se...
Invista em SI mesmo....
E se precisar:
Procure um psicólogo. Procurar um psicólogo é também investir em si mesmo! Aliás, procurar um psicólogo é o mais bem pago investimento que farás na sua vida!

sexta-feira, 1 de março de 2013

És o que É

Acaso o sol perdesse  o seu ocaso ― deixaria de ser sol?
Acaso  o sal tivesse outra função ― deixaria de ser sal?
Acaso a lua  não dourasse em lua cheia ― deixaria de ser lua?
Acaso a rua abrisse mão do asfalto  ―deixaria de ser rua?
E se tubarões migrassem para água doce Perderiam sua bravura? 
E se dos rios surgissem lagostas ― deixariam de ser rios?
Acaso as aves que não voam ― não são mais aves?
E árvores sem  frutos ― não são mais árvores?
Acaso a mulher  estéril ― é sem valor? 
E o homem que chora ―não é mais homem?
Acaso o herói que ama o herói ― se converte em vilão?
E heroína que ama heroína ―se torna vilã?
Acaso um perfume transferido de frasco ―perde sua essência?
O que é  o sol?
O que é o sal?
O que é a lua, a rua e as estrelas?
O que é um Herói?
E sua essência?... o que é?

Quem somos nós?
―E quem é você?
És o conceito de muitos?... Ou o que FAZ de si mesmo?
_________________________________________
autor do poema:[ANDERSON GOMES/ psicólogo clínico]

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Combustão Pessoal

o Fluir
o Ruir
e o Rir de si mesmo
Raiam diante do IR, Doer,
  ―e do "auê" sísmico do EU.

o Fluir
o Ruir
e o Rir de si mesmo
Raiam sozinhas diante do IR, Doer,

―e da fotossíntese do EU.

o Fluir
O Ruir
e a Respiração de cada dia
Renovam-se nas IDAS e VINDAS de uma combustão pessoal
―e de uso intransferível.
______________
Poema de:
Anderson Gomes

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Crianças Armadas!

       Hoje, após  16 dias  de um novo ano, gostaria de lhe perguntar:
―Como está a sua vida?
―Como ela anda?
―Para onde você a está levando?

     Pergunta um tanto profunda e abrangente para eu poder falar aqui sem uma bola de cristal. Talvez eu devesse me juntar aqueles que, ao afirmarem:
"eu sinto que você..." julgam aquilo que  como leitores, vocês  precisariam ler e ouvir.
 
       Em vez de bancar o mago (que não sou), opto para trazer a vocês, alguns fatos que nos mostram COMO está o nosso país, aos 16 dias de 2013.

      Gostaria de iniciar  falando das notícias que ultimamente têm povoam os jornais impressos e telejornais.  
      Fiquei impressionado como a maioria dos casos de assaltos, roubos, latrocínios que  foram praticados por menores! Eu poderia discorrer enormemente sobre a queda do Nome do Pai, teoria de Jacques Lacan que aprofunda  o Complexo de Castração desenvolvida, à priori, por Freud e, estabelece os limites da relação de amor entre mãe-filho(a).  Mas, em vez disso, gostaria de exemplificar  de maneira mais simples e prática, essa Falta de limites, de rédeas, de freio, de imposições ―que tem convidado cada vez mais cedo um número crescente de menores infratores. A desculpinha de:
"ah, é de menor... não sabe  o que faz..." passa a mão por cima de quem nunca soube receber, sequer, um NÃO, como resposta.


        Nunca esqueçamos que a educação começa em casa.
Em termos lacanianos diria que a  primeira lei, se estabelece e  se insere no "seio" familiar. Desde a castração. Ou seja:
 ―aquele que não pode ter a mãe, rivaliza com o pai (complexo de Édipo).
 Ou aprende a lidar com a lei do pai, ou cresce fora da lei... desafiando a tudo e a todos porque:
"se nem meu pai e minha mãe tiveram moral para mim, por que tenho que respeitar os  outros?" ―Dizem os menores infratores.... E é alarmante como não são mais os adultos os únicos criminosos... daqui para frente o futuro noticiará: crianças armadas!

       Já há algum tempo que, mesmo no tráfico de drogas, crianças, mulheres e adolescentes são usados como "aviãozinhos". 
Antes, já eram comandados por seus "heróis", no terrível combate de forças armadas; onde a própria polícia se corrompe. Onde a fronteira dos mocinhos e dos bandidos torná-se cada vez mais tênue.
        Procurei na internet algum link sobre as notícias aqui comentadas, mas acho  que  os sites das emissoras nacionais ainda não foram atualizados. Assim que for possível, postarei algum. Mas assistam durante a semana os principais telejornais do país que será bem fácil verificar essa triste realidade...
        
        Hoje, já são adolescentes de 15 anos (ou menos) que agridem, roubam, assaltam, matam! ... e pensar que todos eles um dia foram bebês, ingênuos e inocentes, e que, muitos destes, cresceram sem lar. 
  • A escola: a rua.
  • A referência: O crime.
  • A lei: "do cão!" 
     Mas a criminalidade, não esqueçamos, não escolhe classe social.
E o inicio de toda e qualquer criminalidade, por incrível que pareça, começa em casa!
O caminho INVERSO Se INICIA quando a criança:
  •        Sabe  receber um NÃO como resposta.
  •         Aprende  que  nem sempre é possível fazer o que ela quer.
  •          Percebe que é possível lidar com as próprias frustrações.
      Os pontos mencionados acima fazem parte do desenvolvimento psíquico saudável de uma criança. É um caminho que não depende só dela, pois para a criança perceber que nem tudo é do jeito que ela quer ―alguém precisará interditá-la... Sendo a figura da mãe, aquela que também, poderá ser, necessariamente, interditada de seu  filho a quem tende, em muitos casos, a relevar e mimar.
     Nesse contexto, a Metáfora Paterna, teorizada por Lacan, deverá cumprir este papel interditor, fazendo valer  a lei, as regras, o limite... Para que, mais tarde, outros limites não venham desempenhar um papel que poderiam ter sidos colocados em casa.
    Torno a dizer:
"Toda a lei começa em casa!"... se esta lei não vigorar, as criancinhas de hoje, serão as crianças armadas de amanhã!

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O tom da sua vida

Um novo ano acabou de começar e,
uma nova gama de cores e  possibilidades se oferecem  para nós.
Muitas dessas cores, desbotarão antes mesmo que brotem.
Muitos ovos se quebrarão antes mesmos que botem.
Muitas estacas não sairão do zero,
Como outros zeros se valorizarão à direita.

Pólos extremos;
Naturezas estranhas;
Estruturas intensas e internas,
Inerentes a cada um de nós.
―Eternas.

Porém, a gradação dessas cores,
ou a infinita possibilidade de suas nuances
Não se dão da noite pro dia

Talvez nem queiram ser dia,
Ou talvez, nem  queiram ser noite.
Talvez, apenas, se satisfaçam no encontro de ambos:
―eclipse.

Um novo ano acabou de nascer...
Mas o seu colorido passa pela paleta mono ou POLICROTICA
de quem sempre tende a usá-la nos mesmos tons.

E nesse entendimento, a \produção\ ou a /destruição/ de mais um ano
dependerá unicamente do tom que você der a ele. Ou seja:
―Qual o tom que você está dando a sua vida?

___________________________________________
Texto de:
Anderson Gomes
Psicólogo Clínico

e-mail: andersongomes@gmail.com

sábado, 29 de dezembro de 2012

A vida é como um vento

É... realmente...
Pra quem deu bobeira ―este ano passou como poeira...
POEIRAS AO VENTO
Aliás, não só este ano... Mas, os anos da vida... de uma vida inteira...

Pra se ter uma ideia, por gentileza assista o clipe a seguir:

Letra e música: Kansas;
 Scorpions

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O descobrimento da vida

Hoje, um dia após a data simbólica do natal,
Li uma mensagem compartilhada nas redes sociais que trazia a seguinte mensagem:

"A vida é muito curta para reunir a família somente no Natal"
O que me inspirou escrever que:

A vida é muito curta para homenagear quem amamos apenas quando elas morrem;

Ou para elogiá-las apenas quando é conveniente à nós mesmos;

A vida é muito curta para economizarmos gentilezas, cumprimentos, saudações.
A vida é muito curta para nem sequer agradecer a tudo isso;

A vida é muito curta para passarmos por ela sem contemplar a alvorada, ou o pôr do sol;
A vida é muito curta para passarmos por ela depressa demais.
A vida é muito curta para, uma vez  ao ano ― se dá o direito de dar um mergulho num rio, lago ou mar, de sua preferência.

A vida é curta demais para passar por ela, apenas, moendo e remoendo pontos negativos... e curta demais para colecionar  mágoas e dores

Mas a vida pode ser longa para quem só vive de conveniências;
Para quem sofre por conveniência;
E para quem se escora e se ancora no muro das lamentações.

A vida pode ser longa para quem não tem nada para fazer;
Para quem sente seus  minutos como se fossem horas, e suas horas como se fossem anos.

A vida pode ser longa para quem vive na penumbra da existência do Outro.

Mas a vida pode ser mais do que isso.
A vida pode ser dura, mas pode ser plena;
Conquistada e, até amena.

A vida pode ser outra

"A tua vida pode ser aquela que se descobre no desdobramento do teu papel ―nela― enquanto sujeito."(ANDERSON GOMES)

email: andersongomes@gmail.com



terça-feira, 25 de dezembro de 2012

há no mínimo: 2 POSSIBILIDADES

Podemos contemplar o vôo de uma borboleta
ou podemos ficar pensando em quantas vezes ela bate suas asas por segundo.
Há no mínimo 2 possibilidades.

Podemos contemplar o encanto dos vaga-lumes  em meio as trevas
ou podemos descobrir a causa de seu efeito fosforescente localizados na parte inferior do abdômen.
Há no mínimo 2 possibilidades.

Podemos aproveitar  o romantismo de um  encontro ao por-do-sol
ou podemos teorizar para o/a nosso(a) parceiro(a) os detalhes desse  fenômeno que  ocorre graças ao movimento de rotação da Terra.
Há no mínimo 2 possibilidades

Podemos assistir a um filme de ficção e entregar-se a magia da imaginação
ou podemos optar por um documentário, ou filme baseado em fatos reais
podemos descontrair de vez em quando
Ou podemos passar a vida tensos, contraídos e contrariados
Há no mínimo 2 possibilidades

É hora de parar para observar-se a si mesmo, em vez do movimento do outro, ou dos outros.
Observar é uma coisa e Contemplar é outra coisa.
Observa-se com os olhos, e contempla-se com o espírito.
Observar é racional
Contemplação ―espiritual... transcende o meramente ótico.

Há quem viva exclusivamente no físico e no concreto
Há quem não se  enleve
Há quem viva limitado.
Há quem viva no campo das RACIONALIZAÇÕES

Racionalizar, muitas vezes, não é uma opção...
Há pessoas que devido a sua natureza psíquica, tem a tendência de viver racionalizando ―devido a uma dificuldade íntima e pessoal (Há tratamento psicanalítico).
Tais pessoais até tentam se entregar ao universo imaginário, mas algo o impele de  ir mais além dessa tentativa. O interessante, é que não racionalizam tudo, mas apenas, o que lhe toca. Ou seja, racionalizam apenas o conteúdo referente ao seu desejo. Desejo este que, se for racionalizado "suficientemente", poderá ser mascarado, digamos assim. Nesse sentido, podemos dizer com Laplanche (2001) que a racionalização vem disfarçar diversos elementos de conflito do sujeito.

Segundo o mesmo teórico, a racionalização é um processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de vista  lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude,  uma ação, uma idéia, um sentimento etc.

Dizem que os homens são mais racionais que as mulheres. Dizem que no lado esquerdo de seus cérebros prevalece a RAZÃO. Sendo o lado direito do mesmo cérebro, o responsável pela criatividade e emoção. Dizem. Porém o que cabe aqui enfatizar é que RACIOCINAR e RACIONALIZAR são termos parecidos, porém, diferentes quanto ao seu significado.
Somos seres racionais, ou seja, dotados de raciocínio.
Racionalizar é tornar racional ou reflexivo.
Para tornar mais clara essa sutil diferença, trago a seguinte fábula:

Era uma vez uma centopéia que sabia dançar excepcionalmente bem com suas cem perninhas. Quando ela dançava, os outros animais da floresta reuniam-se para vê-la e ficavam muito impressionados com sua arte. Só um bicho não gostava de assistir a dança da centopéia: uma tartaruga.
"Como será que eu posso conseguir fazer a centopéia parar de dançar?"             -pensava ela.
Ela não podia simplesmente dizer que a dança da centopéia não lhe agradava.
E também não podia dizer que sabia dançar melhor que a centopéia, pois
ninguém iria acreditar.
Então, ela começou a bolar um plano invejoso. A tartaruga pôs-se, então, a
escrever uma carta endereçada a centopéia:
"Oh, incomparável centopéia! Sou uma devota admiradora de sua dança singular e gostaria muito de saber como você faz para dançar. Você levanta primeiro a perna esquerda de número 28 e depois a perna direita número 59, ou começa a dançar erguendo a perna direita número 26 e depois a perna esquerda número 49?
Espero anciosa por sua resposta. Cordiais saudações, a Tartaruga."
Quando a centopéia recebeu esta carta, refletiu pela primeira vez na sua
vida sobre o que fazia de fato quando dançava. Que perna ela movia primeiro?
E qual perna vinha depois?
O que aconteceu?
A centopéia nunca mais dançou.

Há milhões de tartaruga espalhadas pelo mundo à fora, presas aos cascos pesados e duros de suas RACIONALIZAÇÕES.
Nem satisfazem seus desejos, nem desejam que outros obtenham sua plena satisfação.

  • Mas há também muitas centopéias, que podem escolher entre:
  • Viver prestando atenção nos passos de sua dança,
  • Prestar atenção nos outros e no que os outros dizem
    Ou simplesmente sentir a DANÇA... na dança da vida.
(no mínimo) 2 possibilidades.
_________________________
texto de Anderson Gomes

Quando o natal for embora...

E de repente... o mundo fica bonzinho, o coração caridoso, e surge no ar aquela vontade imensa de perdoar e abraçar as almas frias.

Acho meio engraçado esta época do ano...
A cidade fica mais iluminada, as mesas mais fartas, e ganha-se mais presentes como nunca se ganhou o ano inteiro.

Infelizmente amanhã, os corações voltam a pulsar como antes, e a bondade, assim, parece ter data de validade.

O espírito natalino faz-nos prestar  atenção nos mendigos e crianças pobres à margem da sociedade com a mesma velocidade que os tornarão invisíveis no dia seguinte.
É, realmente, o espírito natalino talvez tenha data de validade... Mas não o coração sincero e genuíno, capaz de ter empatia.

Quando o natal for embora, que a nossa visão continue aberta
Que o nosso coração continue receptivo
Que nosso amor não dependa do que nos oferece o outro
Mas, antes, de nosso amor próprio.

Quando o natal for embora,
Que com ele vá apenas o peru, o panetone e as bolinnhas de natal;
Que com ele vá apenas aquela vontade superficial de abraçar
e permaneça a mesma abertura que a fez surgir.

Quando o natal for embora
Que a nossa emoção seja filtrada

e nossas ações lapidadas
Na intensão de vivermos mais que um dia de festa

Quando o natal for embora
Que Jesus possa nascer e permanecer
No coração de quem só conhece papai Noel.

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(Poema de Anderson Gomes/psicólogo)

sábado, 22 de dezembro de 2012

ao encontro do AMANHECER

         Assisti, dia desses  a última parte da saga Crepúsculo... e, me deixei contagiar  pela magia do contos de stephenie Meyer.

Pra mim estava claro, desde o primeiro trabalho desta autora, que se tratava de um conto. Ou seja, ficção. Nada mais podia-se esperar disso. Então, ou se senta para viajar nas ideias da Stephenie, ou fica-se  remoendo em racionalizações particulares (muito particulares).
―Eu, preferi viajar nas asas da imaginação... e gostei!

        
        Ouvi em alto e bom som comentários maldosos, durante e depois do filme, daqueles que saíram de suas casas, transcorrendo um [longo] percurso para, depois de muito esforço, simplesmente, ter o PRAZER de falar mal. 
(Pagar pra falar mal... eis mais uma forma de prazer, que descobriram para si mesmos).
        Vi e ouvi alguns dizerem: "finalmente [a saga] acabou!"
Mas o detalhe é que, esses que "se deram o alívio", acompanharam cada episódio  da saga,  até a mesma subdividir-se em parte 1 e parte 2, chegando então, ao seu desfecho. Sob qualquer pretexto, vão ao cinema, para assistir a saga Crepúsculo, e logo após, se aborrecem. Um aborrecimento que já duram vários anos sobre a mesma saga. Se eu não me engano, este foi o 5º filme da saga. Não havia  nenhuma novidade em saber quem era o mocinho, a mocinha  e  os vilões. Mas, tais "fãs" dizem que vão por causa da esposa, dos filhos, e vez por outra, se pegam assistindo justamente "aos filmes de sua vida", ou seja, de sua vida não vivida. Pretextos à parte, o que talvez os "críticos" de plantão não tenham ainda se perguntado é:
―o que os levam a  abrir um espaço em sua agenda para gastar dinheiro no intuito de ver (pela quinta ou sexta vez) um filme do qual simplesmente   vai se enojar depois?
(É o prazer de se enojar?)
        
           O mais provável, é que, algumas dificuldades internas, tenha impedido  a muitos de entrarem em contato com aquilo que há de mais primitivo em sua essência humana. Isto é, seu lado infantil. Onde mais haveria lugar para cultivar personagens tão "reais" como lobo mal, bicho papão, doendes, papai Noel, bruchas, lobisomens, vampiros, super-homens etc?
         Hoje em dia, adultos que não viveram essa etapa de mistérios e "fantasias" são também adultos que facilmente, e, sem constrangimentos, dirão as suas crianças que papai Noel não existe. Ou seja, cortarão, ou bloquearão uma etapa da vida daqueles que, assim como eles, também foram bloqueados, de alguma forma. O que dizer desses "tipos" de adultos? Que são  adultos? Ou que são simplesmente crianças crescidas protestando pelo pela infância perdida?
         
        Talvez por não  tê-la vivenciado harmoniosamente, na época apropriada, a infância desses cinéfilos continuam procurando o seu próprio AMANHECER... só que no rumo em que estão, não sairão do ECLIPSE em que, suas vidas, muito provavelmente, se encontram... Pois tais condutas ranzizas, sombrias, pessimistas e, algumas vezes,  até depressivas ―se fazem perceber em outros aspectos de suas vidas. Uma boa oportunidade para rever a qualidade de vida em que estão. Talvez, quem sabe, numa reflexão, cheguem a concluir  que, apesar de toda a sua FALTA de tempo, podem dar uma chance para si mesmos. Assim, quem sabe, poderão dar vazão  e resgatar a criança enclausurada que ainda jaz  em algum lugar de seus tristes corações.
Trabalhar-se, psicologicamente,  é sempre uma opção para o resgaste... O resgate da criança interior.

         Uma amiga minha, contou-me, certa vez, em uma conversa, que não conseguia brincar com seus filhos. Não tinha sequer tempo para eles. Mas, a mesma, vivia sempre a reclamar de tudo na vida. Era ranzinza, e pessimista... Tais características eram mascaradas sob o significante de PERFECCIONISTA. Em nome da obsessão; da mania de limpeza; e das coisas milimetricamente organizadas, nunca teve tempo para nada, nem para si mesma. Tal FALTA  de tempo, ocasionou uma infância não vivida e, sob as exigências do pais, que desde cedo sempre estiveram no patamar dos  ditadores. Foi assim, que esta jovem a-prendeu a ser a adulta que é. Felizmente não a vi nas fileiras dos "críticos" da saga Crepúsculo. As exigências sociais são mais solícitas para com as mulheres, e as mesmas ainda podem sonhar, e suspirar nas asas da ficção. 
        Já os homens, são mais dissimulados  quanto aos seus próprios desejos.
Os mesmos "críticos", em sua maioria, durante filmes como esse,  não fazem outra coisa, além de desdenhar da masculinidade dos personagens. Dá-se a pensar, o que leva tais pessoas a desdenharem  tanto da sexualidade alheia... mesmo numa FICÇÃO.
―Quem sabe, desdenhando, não se sintam mais masculinos? Talvez aqueles fossem os personagens que gostariam de ser. Talvez aqueles fossem os personagens que mais mexessem com as suas fantasias. (Fantasia tanto no sentido popular do termo, quanto no sentido psicanalítico).

           Independentemente de qual seja o filme, sempre haverão pessoas que se utilizarão de pretextos, justificativas e subterfúgios para sutilmente expressarem tudo aquilo que um dia não puderam. A isto, também serve a ARTE, e a ficção.
E nessa perspectiva, debaixo de sol e chuva, continuarão sua própria sina, sua própria saga, em busca de seu próprio AMANHECER.
Não nos surpreendamos portanto, ao encontrarmos novamente esses  "fãs" nas fileiras de outros filmes da categoria.

           Desconfio que outros "Crepúsculos" da autora virão, e, igualmente  não nos espantemos, se encontrarmos "por acaso" os mesmos "cri-cri", nas fileiras de suas ruminações de sempre. A estes, o nome da saga faz jus ao estilo de vida em que vivem... e só AMANHECERÃO -quando- a luz de seus dias, não dependerem mais do imaginário  dos outros. O que não deixa de ser um trabalho árduo... um convite sempre aberto para o  alvorecer de um panorama psicanalítico.