quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SURPREENDA-SE

"Alguém se foi... alguém partiu.
Alguém chorou... alguém sorriu.
E um olhar distante e frio se despede
 às águas do rio que um dia se formou ali"(ANDERSON GOMES).
A postagem a seguir, se baseia em fatos reais. 
       Casados há mais de 10 anos,  um casal de amigos meus se separaram. O comentário geral foi: "ohhh que surpresa! Por essa, ninguém esperava!"
Mas será que alguém tem que ESPERAR alguma coisa de outro alguém?
"O que eu espero de você é problema meu". Logo,  quem espera pode se desesperar. Pois, n
inguém conhece ninguém. O ser humano nem mesmo se conhece. Por que então esperaria conhecer  um outro?
Freud já dizia:

"O EU não é senhor dentro de sua própria casa".


        Estar casados há mais de 10 anos não quer dizer 10 anos de conhecimento sobre uma pessoa.  Nem SOBRE uma pessoa, nem, SOB uma pessoa. Ou seja, o que está SOBRE está à mostra, fora, externo, exposto, na superfície.
O que está SOB é sempre um mistério.


        Sentados numa pizzaria, eu e meus amigos conversávamos sobre aquela 
separação que um deles estava nos contando a seu respeito. Outros relatos de amigos, ali, também se somaram à mesa. Então, uma fala se sobressaiu ao afirmar:
-- Eu abriria mão da minha felicidade em prol dos meus filhos. -- Disse uma amiga nossa.

Mas, aí eu pergunto: desde quando pai e mãe JUNTOS é sinônimo de felicidade?
Existe a fórmula da felicidade?
Será que existe a equação:
  
pai+mãe(unidos)³=felicidade?

Talvez, esta suposta equação seja uma boa desculpa para "garantir" a felicidade apenas de um dos interessados. O que 
levanta alguns questionamentos:

  1. Quantos filhos cresceram presenciando dentro de casa um "mal estar" entre os pais? 
  2. Quantos filhos, desde cedo, já se sentem responsáveis pela crise da relação de seus progenitores? 
  3. Quantos filhos são usados como argumentos durante uma briga entre casais?
  4. Quantos filhos nasceram para evitar uma separação?
  5. E quantas pessoas vivem presas a um relacionamento que só existe no campo da fantasia delas?

          Talvez, esta não seja a sua situação, caro leitor. Mas, esta é uma situação muito conhecida em nossos dias. Digo - conhecida - porque comum sempre foi. Pois o "até que a morte nos separe" prometido nas cerimônias religiosas tem se tornado uma tradição. E tradição é tradição. Ou seja, não precisa ter um sentimento NA tradição.
         O 
"até que a morte nos separe" tem cumprido o seu papel. Ou seja, reservado a morte a muitos casais, conforme prometeram. Uma morte, muitas vezes, lenta, sutil e dolorosa ao longo dos anos. Para muitos casais viver sem  desejo, sem prazer e sem amor é, de fato, uma morte. Conservando-se JUNTOS apenas pela tradição. Outras vezes, a não aceitação da possibilidade da separação leva a um dos cônjuges a medidas impensadas. "até que a morte nos separe" pode até matar. Há incontáveis casos de assassinatos conhecidos na mídia. Mas, o comentário geral é:
"Mas fulano era tão dócil. Não matava nem uma mosca."

Mas, sabemos que uma mosca, não é uma pessoa. E aí, logo torno a dizer: ninguém conhece ninguém. "O homem é o momento", já dizia um pensador. É nos momentos que o homem vive  que acontecem as surpresas da vida. Mas surpresas também podem ser POSITIVAS...
        Sabemos quem ninguém casa pensando em separar-se um dia. E antes de se chegar a esta decisão muita coisa deve ser considerada, ponderada, revista e analisada. Nenhuma decisão deve ser tomada de cabeça quente ou do dia para noite como quem troca de roupa. Uma separação de casal pode ser pensada com a mesma IMPORTÂNCIA que se pensou quando um dia resolveram se casar. Mas, se  a separação, de fato, ocorrer, o pai continuará sendo pai e a mãe continuará sendo mãe, podendo olhar para o futuro com novos  olhares. Um futuro diferente daquele que se imaginou um dia. Uma surpresa. O futuro é sempre uma surpresa. Uma surpresa nem sempre fácil de se lidar, mas também não é impossível. Procurar ajuda psicológica sempre é bem vinda se houver necessidade.

          
         Se a vida de casal terminou, outra vida  recomeça a partir de então. A vida está sempre recomeçando a cada manhã para quem tem o DESEJO de vive-la. A vida continua e os filhos também -- com as mesmas responsabilidades que (possivelmente) se ensinara a eles. Com os pais JUNTOS ou não. Até porque pais JUNTOS não quer dizer (necessariamente) pais UNIDOS. Pode-se estar UNIDOS, por exemplo, na criação dos filhos, sem que - esses pais - permaneçam  JUNTOS.

          Pais separados não significa pais irresponsáveis. É aí que a responsabilidade pode dobrar se levarem em consideração um bem estar maior para todos, inclusive para os filhos (adotados ou não). Estudos demonstram que filhos se desenvolvem melhor dentro de um ambiente saudável e estável. As crianças percebem quando alguma coisa dentro de casa vai mal. Engana-se quem acha que pode "tapiar" as crianças ou fazê-las de bobas. Elas percebem tudo à sua volta, especialmente no seio familiar.  

          Novas  experiências poderão ser assimiladas  à PERCEPÇÃO de cada um... independentemente de serem pais ou filhos. Cada um tem sua percepção dos fatos da vida. E para perceber os acontecimentos da própria vida basta viver. Viver, por si só, já é um aprendizado. Não é à toa que dizem que a vida ensina.De que forma? Vivendo. Ou seja, viver as surpresas do HOJE, permitindo as  incertezas do AMANHÃ.
 Pois:

"As melhores surpresas são aquelas que se reservam para QUEM ousa dar uma chance a SI mesmo. Surpreenda-se!" (ANDERSON GOMES).

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