quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Pessoas Mal Amadas

Ao chegar no portão de casa, gritou com o cachorro e por pouco este, não recebeu um carinhoso pontapé. Em seguida, entrou em casa depois que as portas surradas anunciaram bem forte a sua chegada. Tomou o seu banho e parecia que a água não estava do seu agrado. Trocou de roupa, após escolher entre as duas últimas camisas limpas da gaveta. Avistou as contas que tinha para pagar e as abençoou com vários palavrões jamais ouvidos na face da terra. Jantou, após abrir seus enlatados ao som de suas próprias ladainhas. Em seguida foi para o momento mais feliz das sua vida: entrar na internet com a senha "oculta" do vizinho. Postou uma foto com um sorriso legendado, e nele dizia: "Como é bom chegar em casa, depois de um dia incrível de trabalho num abrigo para idosos". Isto acontece todos os dias na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. Seja numa grande empresa, seja num micro negócio.O relato acima é um CONTO, uma ficção que eu acabei de escrever para ilustrar como é importante saber escolher ou indicar um bom profissional para cuidar de nós mesmos ou de nossos amigos ou familiares. Pois não basta ser AMIGO para indicar alguém a cuidar de outro alguém. Nem é preciso ser seu vizinho para saber de seu comprometimento humano. Atos falam mais alto que palavras. São nas pequenas coisas que se revelam as maiores. São pequenos gestos que demonstram o amor ou o desamor pela vida. Seja ela pública ou privada.Todo ser humano têm problemas. Todos têm seu dia ruim. Mas a questão não são os problemas ou os dias ruins. Mas a MANEIRA de se lidar com eles. Ou seja, a questão é como lidamos com nossas próprias EMOÇÕES.Lembremo-nos que saúde EMOCIONAL é coisa séria e nem todos têm. Há pessoas totalmente "desequilibradas" cuidando de outras pessoas. E que tipo de CUIDADOS elas poderiam dar???É preciso mais que amizade ou simpatia para indicar os cuidados profissionais de alguém.Na internet não é diferente. Lá é a vitrine da vida íntima e pessoal de milhões de PROFISSIONAIS. E eis aí duas palavras opostas na mesma frase e que ocupam, igualmente, o mesmo metro quadrado nas redes, ditas, sociais: O ÍNTIMO e o PROFISSIONAL. Onde uma palavra acaba repercutindo na outra. Ou seja, questões pessoais repercutindo no setor de trabalho e questões profissionais repercutindo em casa, como se o ambiente familiar fosse uma válvula de escape para as tensões, sobrando, inclusive, para gato, cachorro e periquito.Chegar em casa e se sentir bem em casa OU chegar no trabalho e se sentir bem no trabalho, requer cuidados especiais. Requer cuidados EMOCIONAIS. Há quem trabalhe por obrigação e há os que trabalham com amor; independentemente da classe social e mesmo diante da crise por que passa o país. Pois o amor não conhece classe social. Mas também é importante dizer que não se deve confundir trabalhar COM amor e trabalhar POR amor. Há muitas pessoas que trabalham POR amor e que não são remuneradas. E há quem seja remunerado trabalhando COM amor ao que faz. Ser ou não ser remunerado financeiramente não torna uma pessoa mais ou menos amorosa. Nem mais ou menos amada. Talvez, para alguns, uma pessoa (bem) remunerada se torne mais intere$$ante, o que é bem diferente de ela se tornar mais amada por isso. Há coisas que o dinheiro não compra. E há outras que o dinheiro corrompe. Mas há também os que vivem e trabalham SEM amor. E a falta de amor afeta do íntimo ao profissional. E do público ao privado.Hoje, em linhas gerais, o que se pode se constatar de negligências na saúde, na política, na vida doméstica e na educação são consequências das ações de pessoas MAL AMADAS. E mal amadas desde sempre. Desde a infância. Pessoas que projetam nos outros, pública ou intimamente, seu déficit de amor ou sua dificuldade de amar. O que resulta num efeito dominó que vai desde as particularidades do seio familiar, aos setores públicos e profissionais, a que estejam envolvidas. Daí a importância aos cuidados que se deve ter com a vida emocional... o alicerce de todo ser humano. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Autor: Anderson Gomes Psicólogo Clínico

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